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Nesta altura, Arnaldo ainda era jovem e os poetas ainda eram vivos: Herberto Helder, à esquerda; Eugénio de Andrade, ao centro; Arnaldo Saraiva, à direita, que dedicou grande parte da sua vida ao segundo. Recebeu-me em sua casa, para começarmos a celebrar o centenário de Eugénio. A reportagem passa esta quinta-feira, depois das 10 da manhã, na Antena 1. Chamei-lhe "Uma casa para Eugénio". Obrigado Arnaldo Saraiva, Fernanda Ribeiro, João de Mancelos e João Rapagão, pela generosidade. Obrigado, António Jorge, pelo desafio. Obrigado, Rui Fonseca, pelo talento.
Alma casou-se com um dos maiores compositores do século XX: Gustav Mahler. Mas, entretanto, Alma apaixonou-se por outro modernista: o arquiteto Walter Gropius. Mahler entrou em depressão. Dizem que foi uma dor d' Alma.
No armazém, ao pé da minha casa, estavam pendurados 3 cartazes da AD, emoldurados como se fossem retratos a óleo: num, estava o Sá Carneiro; no outro, o Freitas do Amaral; no terceiro, um senhor mais velho. Na telenovela da noite, um dos protagonistas era jovem, tinha uma namorada bonita e era arquiteto paisagista. Na primeira excursão a Lisboa fomos à Gulbenkian: adorei (tanto) os jardins, que nem entrei no museu. Só mais tarde é que comecei a unir as coisas. Gonçalo Ribeiro Telles era, de facto, mais velho do que os outros, mas não era um velhinho. Os jardins da Gulbenkian dificultavam a entrada no Museu porque eram demasiado belos (acreditam que só à terceira tentativa é que resolvi entrar no CAM?). Ser arquiteto paisagista só é uma profissão jovem e moderna, por causa de pessoas como Gonçalo Ribeiro Telles, que criou um oásis de modernidade, no inverno salazarista. É por isso que, apesar de morrer aos 98 anos, ficamos com a sensação que foi demasiado cedo. Por isso, e, também, porque Portugal teima em chegar demasiado tarde. [Foto: Alfredo Cunha]
A casa Malin, de John Lautner, está pendurada nas colinas de Hollywood. A maquete está cá em casa.
"Fiz a tropa em Tancos. Eles queriam arquitetos para reconstruir os quartéis que estava todos desfeitos. Fiz várias obras em estilo pós-moderno, que era uma coisa que eu odiava. Era uma espécie de vingança. Fiz guaritas com colunas e frontões, tudo o que me desse na cabeça. E pintei o campo de Tancos em amarelo canário e fui chamado a um general que me castigou". Souto de Moura, arquiteto com sentido de humor, prémio Pritzker 2011.
Oscar Niemeyer desenhou Brasília, para a democracia. Mas a cidade foi colonizada pela ditadura. E Oscar recusou, sempre, qualquer forma de ditadura. Até, a do ângulo reto. Niemeyer morreu há 6 anos. A sua obra ainda está aí: para as curvas.
O arquiteto Manuel Aires Mateus foi distinguido com o Prémio Pessoa 2017. A entrevista, deste fim de semana, no Expresso, é uma delícia. Gosto da forma como fala da sua família (o avô, os pais): entre o pragmatismo e o espírito artistico; entre o salazarismo e a extrema-esquerda. Da forma como fala do seu irmão Francisco, que também é arquiteto, mas possuidor de vários talentos. É impossível separar a sua vida, da sua arquitetura ligada à terra: tem muita obra no estrangeiro, mas a sua obra, diz o arquiteto, é sempre "daqui".
E a sua vida também é aqui. "O que é que verdadeiramente lhe interessa na vida?", pergunta-lhe o jornalista Valdemar Cruz. "A vida", responde, "Adoro viver". E acrescenta: "Mas sou uma pessoa de uma banalidade extrema. Cresci, estudei, casei aqui, tive os meus filhos aqui." Num país mediano, onde todos querem ser excecionais, há um arquiteto, que é dos melhores do mundo, que diz "Adoro tudo aquilo que as pessoas adoram, mas ao mesmo tempo adoro sentar-me aqui e ficar aqui a pensar".