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"Isto é muito estranho", disse a convidada, "porque eu estou a falar com o João Gobern, mas ele não está aqui". "Estou, estou", disse o João, "garanto-lhe que estou". "Eu vou explicar aos ouvintes", continuou a convidada, "eu estou no estúdio, em Lisboa, com a Margarida à minha frente, mas o João está no Porto. E eu tenho de ter uns auscultadores, na cabeça, para o ouvir. Isto é surreal!". "Não é nada surreal", pensei, "é rádio". A rádio convive, desde sempre, com vozes à distância. A pandemia trouxe a democratização/banalização (riscar o que não interessa) das vozes à distância. Mas elas fazem parte da história e da paisagem sonora da rádio. E, no caso português, da prática diária das rádios do serviço público. Esta semana, tenho "contracenado" com o André Santos, na Antena 3. Hoje, juntámo-nos, pela primeira vez, em estúdio. Aliás, nunca tínhamos estado juntos, fisicamente, no mesmo espaço. É "surreal"?! Não, não: é rádio.
Acordar na noite escura
Chegar à redação
Descobrir um colega doente
Editar a Antena 3
Enfim, a alegria no trabalho.
Hoje, estacionado na Antena 2. Próxima estação, Antena 3.
O Portugalex faz 17 anos. A minha primeira reação foi "Uau, incrível"! A segunda foi "Credo, para o ano faz 18 anos! Será que vai ganhar juízo?" Espero que não. Aqui estão eles a celebrar, com humor e inteligência. Mas, também, com uma inquietação: "Fizemos coisas, há 17 anos, que, hoje, não seriam possíveis", diz a Patrícia Castanheira. O riso continua a ser considerado perigoso, não é William de Baskerville?
Para ouvir aqui:
https://antena1.rtp.pt/video/equipa-do-portugalex-festeja-aniversario-na-antena-1/
Hoje, celebro o Dia Mundial da Leitura em Voz Alta, na Antena 3 (com a RDP África, ali ao fundo).
Portugal é um país grande e pequeno, ao mesmo tempo. Isso, deixa-nos confusos. Às vezes, queixamo-nos da nossa pequenez: somos mais pequenos do que uma cidade americana ou asiática. Outras vezes, somos muito grandes: é, por isso, que é tudo muito longe. Essa dualidade reflete-se em discussões como a localização do novo aeroporto de Lisboa ou a colocação de médicos e professores no "interior" (no fundo, tudo o que seja a mais de 50 km da costa). Portugal é um país muito centralista. O conceito está interiorizado, mesmo naqueles que têm um discurso descentralizador.
Trabalho numa empresa que tem Portugal no nome. Que tem muitas das qualidades e defeitos dos portugueses. Mas, que faz um esforço (nem sempre conseguido, reconheça-se) para descentralizar. É, por isso, que tem vários jornalistas espalhados pelo país. Para que possam relatar os factos da região onde estão. Mas que possam, devam e reportem realidades de outras regiões ou outros países. E fazem-no, frequentemente. São jornalistas, de corpo inteiro.
Ontem, por razões técnicas e logísticas, os noticiários da Antena 3 foram emitidos a partir de Coimbra. Haverá quem ache isso extraordinário e quem ache que isso não é assunto. Por mim, acho graça que o tipo de Aveiro - que, habitualmente, trabalha a partir do Porto - vá ali, a Coimbra, fazer uns noticiários para todo o país (para todo o mundo) numa emissão que, habitualmente, é feita em Lisboa. Pequeno e grande, ao mesmo tempo.
Se alguém perguntar por mim... diz que fui por aí.
- Por aqui tão cedo, Miguel?
- É. Esta manhã, edito a Antena 3.
- Não fizeste noticiários da Antena 2, este mês?
- Fiz e da Antena 1.
- Então, este mês fazes o pleno.
- Não, falta-me a RDP África e a RDP Internacional.