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A Antena 2 é uma velha amiga. Não nos vemos muitas vezes. Mas, sempre que nos reencontramos, é como se nos tivéssemos visto no dia anterior. As saudades matam-se depressa e a conversa sai-nos com facilidade. E, depois, a Antena 2 é generosa. Prepara-me uma sandes, serve-me um chá, conta-me novidades. Obrigado, querida Antena. É sempre bom voltar a ver-te, voltar a ter-te. Esta semana, posso ficar no sofá da sala?
- Por aqui tão cedo, Miguel?
- É. Esta manhã, edito a Antena 3.
- Não fizeste noticiários da Antena 2, este mês?
- Fiz e da Antena 1.
- Então, este mês fazes o pleno.
- Não, falta-me a RDP África e a RDP Internacional.
E aqui estou eu, a fazer Palavras Cruzadas com a Dalila Carvalho na Antena 2.
(Para ouvir, clicar na imagem ou aqui)
A dada altura, deixei de reconhecer um estúdio de rádio. Primeiro, a digitalização levou as cassetes e os leitores de cassetes; depois, os discos e os gira-discos; de seguida, os CD e os leitores de CD e, finalmente, o papel. Alguns estúdios são tão asséticos, que mais parecem laboratórios ou salas de operação. O estúdio, que me acompanhou nos últimos meses, tem as maquinetas necessárias, meia dúzia de discos, mas, sobretudo, tem papel impresso. O papel é muito útil. Ajuda os ouvidos de quem ouve (melhora a acústica) e aquece o coração de quem fala (o meu, está visto). Agora, chega a hora de me despedir deste estúdio e regressar a um estúdio mais convencional. Desses, a fugir para o moderno.
Credo, Cio-Cio-San, você hoje está impossível! Pense no seu nome: "Cio-Cio" deve ser para fazer pouco barulho, não acha? Estou, aqui, a tentar ouvir o noticiário e você "oh, oh, oh, que me dói a alma"; "uh, uh, uh, que o meu marido americano nunca mais volta". Ouça, Cio-cio, eu também tenho as minhas dores, mas contenho-me. E preciso de trabalhar, percebe? Você diz que é uma Madame, mas, no fundo, porta-se como uma diva!
Durante semanas e semanas, preparei o escritório cá de casa para que uma pobre e honesta televisão me convidasse para uma videochamada. Espanei paredes, dei brilho às estantes, aconcheguei os livros. Mas, depois, veio a rádio: rica, poderosa e sedutora. A rádio: vestida para matar, com os seus fios e os seus cabos. Eu sei que devia resistir, mas não consigo. A rádio é fraca.