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Fim-de-semana. TPC. Revisão da matéria dada.
Eu sei que há quem ache que é o Messi. Mas, para mim, o melhor do mundo é português. Hoje, vai ser confirmado, por unanimidade.
"Houve atores políticos que procuraram manipular as populações, ao serviço dos seus interesses. E, infelizmente, tiveram êxito." António Guterres falou. Não foi sobre a Catalunha. Foi sobre a República Centro Africana.
Olho para a capa da Visão. Vejo Guterres: de olhar vivo e sorriso rasgado e de bigode. Foi o bigode que deixou crescer, para homenagear Salvador Allende. O (excelente) artigo da revista dá-nos uma boa ideia de quem tem sido Guterres e porque é que ele está na posição de se tornar no senhor ONU. Ao longo dos anos, o antigo primeiro-ministro (à semelhança da generalidade da classe política) foi alvo da ironia e do desdém dos intelectuais que se passeiam nos media portugueses. Não é a crítica que me incomoda, é o snobismo aristocrático.
Portugal, país pequeno e periférico, tem conseguido gerar políticos de elevada projeção internacional: Freitas do Amaral, Mário Soares, Durão Barroso, António Guterres. E, no entanto, a "aristocracia" que vagueia entre os media e a academia, persiste em falar da falta de qualidade dos nossos políticos. Claro que o desempenho de Durão Barroso na Europa e a sua entrada para o Goldeman Sachs não ajudam a defender a classe política. Ou o caso Sócrates. E há muito mais exemplos. Mas, também, há Guterres.
Vasco Pulido Valente chamou-lhe picareta falante. Quando Vasco fala, os media portugueses ouvem. Mas é Vasco que fala demais e, apenas, para uma pequena paróquia de acólitos. Guterres segue o seu caminho, indiferente. Guterres dá-lhes um bigode.
Marcelo no lançamento do livro sobre Marcelo. Marcelo na última aula. Marcelo na última arguência. Marcelo a torcer pelo Braga. Marcelo a dizer que o Presidente não pode tomar banho no mar. Não há dúvida: a imprensa está enamorada por Marcelo. Chamam-lhe “Presidente Eleito”, uma nomenclatura que nunca tinha sido usada em Portugal. A imprensa não refere a fonte. Foi Cavaco que o batizou. A imprensa não cita Cavaco.
Mário Soares foi, durante muitos anos o “ex-Presidente”. Mais uma designação que nunca tinha sido usada. Foi difícil despedirmo-nos do Presidente Soares. Soares era fixe. Sempre foi. Soares dise que Sócrates era o anti- Guterres. Marcelo é o anti-Cavaco. Cavaco é formal, Marcelo é familiar. Cavaco é palavroso, Marcelo é direto. Cavaco é sisudo, Marcelo é bem-humorado. Cavaco é frio, Marcelo é quente. Marcelo é “cá dos nossos”. Tem a imagem certa, o ritmo certo, as palavras certas.
Enquanto Cavaco se despede do cargo, os media “fingem” que foi despedido. Tem os índices de popularidade mais baixos de sempre, é certo. Mas foi votado: uma, duas, três… várias vezes. Há uma espécie de alívio coletivo pela saída de Cavaco. Mas ele sai pelo seu pé. As atenções voltam-se agora para Marcelo.