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Portanto, se bem percebi: são insondáveis os caminhos deste senhor.
Hoje, é Dia da Restauração da Independência de Portugal. Esta manhã, houve uma cerimónia com o presidente da República e o primeiro-ministro. Foi curta e sem discursos. Contávamos com a celebração de 1640. Comemorámos 1600 e quarentena.
[Foto: LUSA]
Entusiasmado pelo calor da campanha, António Costa resolveu criticar o desempenho dos autarcas do PCP, dizendo: "Nós estamos aqui para trabalhar. Nós não estamos aqui para reivindicar que os outros trabalhem, por conta de nós". Eu, que tenho muito respeito pelos trabalhadores por conta de outrem, estranhei o tom. Fez-me lembrar o "deixem-me trabalhar", exigido por um antecessor de Costa. Ele há tiques...
[Foto: Tiago Petinga / Lusa]
"Esta variante Delta", disse o especialista, "é mais contagiosa, que as anteriores. Mas é preciso perceber que 'delta' é, apenas, a 4.ª letra do alfabeto". O alfabeto grego tem um comprimento parecido com o nosso: 24 letras. A Covid é, portanto, uma mistura de epopeia grega e novela à portuguesa. No episódio de hoje, o governo vai decidir se paramos ou andamos para trás.
O discurso era inflamado: contra os ricos e poderosos, contras as elites; a favor do povo, dos mais pobres, dos excluídos. O povo, entusiasmado, respondeu com palmas, slogans e canções e, depois, seguiu para as barracas com cerveja e bifanas. O candidato esgueirou-se do palco, rodeado de seguranças e assessores, contornou os jornalistas e entrou para o banco de trás do automóvel alemão, de gama superior. Tirei a pinta ao carro do candidato "contra os ricos": mais de 100 mil euros de carro.
Vem isto a propósito da escolha de Pedro Adão e Silva, para liderar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. O presidente do PSD considera que o nomeado vai ganhar demasiado dinheiro, e que este serve para pagar favores políticos. O primeiro-ministro responde que as acusações de Rui Rio são insultuosas. Mas, vários políticos juntaram-se ao coro de críticas.
O salário do nomeado não será antipático: o equivalente ao de um professor universitário. Pedro Adão e Silva é professor universitário e vai suspender a sua atividade docente. Muitos dos indignados ganham valores superiores. Alguns poderão, mesmo, ganhar o dobro. Todos ganham dinheiro público. Podemos (e devemos) discutir se o dinheiro público é bem ou mal gasto. Agitar a bandeira dos pobres contra os ricos, já é mais questionável. Sobretudo, quando se pretende ser as duas coisas, ao mesmo tempo.