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Seis meses depois do primeiro caso de Covid-19, em Portugal, sabem de que é que eu tenho saudades? De lavar as mãos. A sério. Lavar as mãos, simplesmente: água, sabonete, esfrega de um lado, esfrega do outro, passa por água e já está. Agora, com esta coisa da higienização, é uma chatice: um conjunto de manobras de grande complexidade e precisão, que nos deixam exaustos. A alternativa é bem pior: ter que encharcar as mãos com álcool, a toda a hora, como se não houvesse amanhã. A sério. Quando isto passar, a primeira coisa que eu vou fazer é lavar as mãos.
Acho que o célebre dueto Ivone Silva/Camilo de Oliveira não passaria hoje na televisão. Duas vedetas da comédia, bêbadas, a cantar “Que rico vinho” e “Vai uma pinguinha?”, seria visto como um mau exemplo. Ainda por cima, na televisão do Estado.
Vem isto a propósito da intenção do governo proibir a venda de álcool a menores de 18 anos. Pretende-se acabar com a distinção entre cerveja e vinho e bebidas destiladas. Dizia um senhor que era igual beber dois “shots" de vodca ou uma garrafa de vinho. O resultado é uma bebedeira. Porque é que não comparou uma garrafa de vinho com uma garrafa de vodca?
Também ouvi referências à Europa. Desculpem, um dos problema que temos é uma aproximação dos jovens portugueses ao tipo de consumo europeu, que varia entre a abstinência e a bebedeira de caixão à cova.
Falou-se da importância dos pais. Bem, eu comecei a beber vinho com o meu pai.
A primeira vez que fui jantar fora com a minha namorada tinha 17 anos. Comemos sopa e peixe grelhado. Bebemos vinho branco. Preparam-se, agora, para criminalizar esse acto hediondo.
“Está tudo grosso, está tudo grosso.”