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E, aí, está ele: o aeroporto, de novo. O primeiro-ministro e o presidente do PSD estão de acordo. Viva, viva! Sabem o que é que vão fazer? Adivinharam. Uma comissão técnica (uau!), para avaliar as diferentes localizações possíveis para o futuro aeroporto (pumba!). Ora aí está uma ideia arrojada. Mais disruptiva só uma coisa tipo "Pim, pam, pum". Mais "fora da caixa" só uma cena tipo "Um, dó li, tá".
Claro que há um dado novo: o primeiro-ministro trava a decisão sobre o novo aeroporto, anunciada pelo ministro da tutela.
Quanto ao resto - a discussão do aeroporto tem 50 anos, com apresentações, contestações, localizações e demissões - nem por isso.
Lembram-se do novo normal? Não vai acontecer. Temos o normal, de novo. [Fotografia: Tiago Petinga/LUSA]
Filho - Pai, podes-me explicar o que é que está a acontecer no Afeganistão?
A mesma palavra, para duas notícias, envolvendo dois aeroportos, em dois países diferentes: "caos". "Caos" no aeroporto de Lisboa. O Instituto dos Registos e Notariado não tem capacidade de resposta para os pedidos relacionados com passaportes e as pessoas ocorrem à Loja do Passaporte do Aeroporto de Lisboa, gerando o "caos". Há um outro "caos", logo a seguir, no alinhamento do noticiário. O "caos", no aeroporto de Cabul: onde milhares de pessoas, desesperadas, tentam fugir do país, para salvarem a vida. As palavras têm um peso, que deve ser usado com conta e medida. Chamar "caos" a tudo o que mexe, começa por esvaziar a palavra para, de seguida, nos esvaziar a nós próprios. Nós somos feitos de palavras.
[Foto: Wakil Kohsar / Getty Images]
Está decidido: o novo aeroporto vai ser no Montijo. No Montijo. Ou, então, em Alcochete. É isso, Alcochete. Eventualmente, podemos seguir as alternativas apontadas pelo Diário de Notícias, no ano da graça (ou seria da Engrácia?) de 1969: Rio Frio, Fonte da Telha, Montijo ou Porto Alto. (Ainda está alguém a ler?) Ou, ainda na Ota, apesar dos problemas com "complexidade topográfica e hidrológica". Fica mais caro, com terraplanagens e tal, mas tem que ser. Até porque (já se sabe) na margem sul "jamais/jamé"). Porque, na margem sul "é um deserto". (Estão aí?) Bem, margem sul "jamais", exceto se for no Montijo. Ou, então, em Alcochete que é ali perto - menos de 10 km - e dizem que também é bom, mas é completamente diferente. Resta saber, se as câmaras estão de acordo. E as juntas de freguesia. E os ambientalistas, as associações recreativas e os núcleos de sportinguistas da margem sul. Se estiverem de acordo, (ainda... coiso?) o aeroporto avança logo. Mas é que é logo! A não ser que haja aquecimento global e o aeroporto corra o risco de ficar inundado, ou que haja problemas com os pássaros e tal. Para mim, (obrigado por estarem a ler!) isto só tem uma solução: promover o regresso do "Agora escolha". Falta o mais difícil: convencer a Vera Roquette a regressar.
"Não digam TGV. O TGV é uma marca. O que estamos a falar é do comboio de alta velocidade. Isto faz-me lembrar de quando começou a haver frigoríficos. Os mais conhecidos eram os Frigidaire. De modo que se alguém dizia 'a minha mãe já tem um Frigidaire', a outra pessoas dizia 'A sério, e de que marca é?"
Cito (assim, de cabeça) Mário Lino: o antigo ministro do "aeroporto na Margem Sul, jamais" (pronúncia francesa , 'si vous plait'). Mário Lino queria marcar um Portugal moderno com um aeroporto novo, na Ota, e com a chegada de comboios de alta velocidade. Lembrei-me desta história porque, este fim-de-semana, se voltou a falar em TGV. E também porque, nestas férias, dei de caras com este Frigidaire: de marca, mesmo. Já Mário Lino, apesar de ter tentado, não deixou marca nenhuma.