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Trabalhei numa redacção onde havia autocolantes destes, colados nas gavetas da secretárias. Havia um que falava no Cavaco. Estávamos no início dos anos 90. Podia ser hoje.
A língua desperta paixões. As pessoas ficam empolgadas, crispadas, zangadas, por causa do Acordo Ortográfico (AO). E, no entanto, não houve uma discussão séria.
Aparecem cidadãos indignados nos vox pop dos media. Colunas de jornal, assinadas por escritores e jornalistas, com a indicação “escreve segundo a antiga grafia”. Os sábios da língua desapareceram na sua erudição. Os políticos acham que o problema é técnico e não político. É o que dá termos políticos que falam em “malabarices” e “cidadões”.
Ora, a questão é obviamente política. (A ideia não era aproximar as diferentes formas de escrever português?) Temos um novo AO a vigorar em Portugal, com os outros países lusófonos ainda a pensar no assunto. O objectivo era ter uma grafia, mas, para já, só acrescentámos mais uma.
A língua muda, a ortografia também. Não é preciso ler uma carta de foral ou uma cantiga de amigo. Basta um texto do início do século passado. Houve duas revisões da ortografia depois disso. E ninguém morreu.
Era preciso uma discussão séria. Mas ninguém discute, porque toda a gente já sabe tudo.