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O Natal é a festa da família. É, sobretudo, a festa das crianças. E as crianças são o pior do mundo. Porque são pirosas, coitadas!
A pensar nelas, fica aqui esta música e este vídeo, (que eu não gosto, evidentemente) com votos de Boas Festas.
Regresso ao meu covil avant-garde em 3, 2, 1...
Os ABBA estão de regresso. É, apenas, uma informação que vos dou - que o assunto não me interessa nada. Não me identifico (de todo!) com música de festival. Só se for de festival de música eletroacústica, experimental, avant-gard. A única canção dos ABBA que vale a pena, é o tema que dedicaram ao Pierre Boulez - o Boulez-bous.
Primeiro, um piano minimalista. Poderia ser Philip Glass. Mas, 5 segundos depois, chega a voz de Rufus. Aos 30 segundos, chega, também, um violino. A tensão vai subindo, com a entrada da bateria e um som electrónico que lembra Kraftwerk. Pouco depois, explode o refrão: com os metais a juntarem-se às cordas e a um coro de vozes femininas. E é, então, que nos lembramos que Rufus é um compositor apaixonado por musicais; e ópera; e música sinfónica. E cantou Judy Garland; e escreveu duas óperas; e musicou poemas de Shakespeare. Pouco depois do minuto 2, uma pausa dramática serve, sobretudo, para relançar a tensão. A voz de Rufus sobe de tom, depois arrisca o falsete, e as vozes femininas começam a fundir-se com a eletrónica e os sons orquestrais, lembrando os ABBA em fim de carreira. E eu quase que não consigo respirar, e tento retirar a máscara. E, depois, reparo que não tenho máscara. É mesmo da música: de cortar a respiração. Que grande canção, Rufus Wainwright, que grande regresso.
Tenho recordações fortes de Waterloo. Ritmo veloz, vozes afinadas, roupas brilhantes, coreografia, alegria. Para mim, Waterloo eram os ABBA, no seu melhor.
Foi em 1974, que o quarteto sueco venceu o festival da Eurovisão e conquistou o mundo. Os ABBA trouxeram uma lufada de ar fresco ao festival, que já estava em crise naquela altura. Waterloo foi, apesar disso, uma jogada arriscada porque podia não agradar aos franceses. Mas isso, eu não sabia.
Só mais tarde, é que percebi que Waterloo também era o nome de uma batalha. Não tenho culpa. Quando Napoleão foi derrotado, eu ainda não era nascido. Mas passei a perceber porque é que os ABBA estavam vestidos daquela maneira.
Então era uma canção política? Não, eram apenas duas moças a cantar “como Napoleão em Waterloo”: “Waterloo, eu fui derrotada, tu ganhaste a guerra”, “Waterloo, prometo que te irei amar para sempre”. Com os ABBA ninguém perdeu: venceu o amor, venceram a Eurovisão.
Os ABBA abriram-me as portas da história europeia. Waterloo foi há 200 anos. Ou há 41. “Depende da vossa fantasia”.