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Acho a designação "Implantação da República" interessante. Porquê "implantação", se foi uma revolução, como a de Abril? Mas, depois, penso nos vários significados da palavra. Na arquitetura, por exemplo, "implantar" refere-se ao espaço onde vai nascer um edifício. Na agricultura, ao ato de criar raízes. E, assim sendo, implantação faz sentido. Plantaram-se umas coisas na I República, com os seus 45 governos; e na II, com o seu governo de 48 anos; mas só houve frutos em 1974, com uma nova revolução: republicana, mas, sobretudo, democrática. Viva a República!
Res publica, significa “coisa pública”, do povo. A expressão, de origem latina, está na origem da palavra República. A República é, portanto, o regime político do povo, para o povo.
Em Portugal, a República era celebrada a 5 de Outubro. Era. Porque, entretanto, a coligação de direita, achou-se no direito de acabar com o feriado que celebrava a coisa pública. Foi incluída nas gorduras do Estado. Houve gente que não gostou muito, mas, diga-se em abono da verdade, não houve grandes protestos. A começar pelo Presidente da (lá está!) República.
Este ano, Cavaco Silva decidiu faltar às comemorações. Alegou que tinha de pensar. Pensar em quê? Que não devia ter deixado cortar o feríado? Que não devia ter marcado as eleições para o dia anterior? Passos Coelho, Paulo Portas e António Costa também não foram. Fizeram mal.
A implantação da república devia ser um dia de festa para todos. Todos os políticos, servidores da Res publica, e todos nós - a razão de ser da República. Em vez disso, foi uma coisa na Câmara de Lisboa, com algumas pessoas. Uma senhora disse o óbvio, na televisão: que Cavaco Silva só era Presidente, porque havia República. Em vez de Presidente, Cavaco foi o Ausente da República.