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Tive um gato que adorava caçar moscas. Um dia viu uma, bem jeitosa, junto à janela. Não resistiu, apanhou balanço e lançou-se, entusiasmado. Só parou no rés-do-chão, depois de um voo, em queda livre, que durou seis andares. Mas esta é uma história com um final feliz. O meu gato viveu mais seis vidas, durante quase 20 anos. Moral da história: devemos ser como o meu gato? Não. Devemos ter cuidado com as janelas de oportunidade que nos abrem. Porque só temos uma vida, ao contrário do meu gato.
Pobre felino. Não aprendera ainda que só devemos saltar para as janelas que abrimos ou ajudamos abrir, a pulso. As moscas, invocadas recorrentemente por O’Neill – cujo bestiário individual era absolutamente admirável – traíram o bichano. Aquela tentação da mosca Albertina, do inseto-insulto, aquele quotidiano recebido como mosca fizeram com que o gato alterasse a sua natureza e se transformasse, também ele, em insecto voador, esquecendo-se porém, ingenuamente, que se tratava de condição transitória. Ainda bem que tudo acabou bem.