Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Na canção "Waterloo", uma mulher (cantada por duas) prometia render-se ao amor, como Napoleão, na Batalha de Waterloo. Temeu-se o pior. Por mais inocente que fosse a comparação, havia, ali, uma referência a uma das datas mais marcantes na história da Europa. E com política não se brinca.
A canção venceu o Festival. Foi há 50 anos.
Muita gente pensa que os ABBA são uns tontos que fazem, apenas, canções alegres e frívolas. Talvez desconheçam as referências à revolução mexicana, em "Fernando", ou ao êxodo de milhares de pessoas, do leste europeu para a Europa ocidental, em "The Visitors". Desconhecem, talvez, que a carreira dos ABBA foi interrompida porque os compositores da banda queriam fazer (e fizeram!) um musical sobre a Guerra Fria.
No ano em que o Festival da Eurovisão celebrou a vitória de "Waterloo", na terra dos ABBA, quis-se inventar a ideia que a Eurovisão nunca teve nada a ver com política. E há, até, quem acredite.
A lembrança de "Waterloo" e da trajetória dos ABBA é um convite à consideração da música pop e da sua capacidade de abordar temas relevantes. A cultura pop, tantas vezes desvalorizada, tem um papel crucial na forma como entendemos e nos relacionamos com o mundo.