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Nunca sabemos porque é que os eleitores votam como votam. Hoje, no DN, o jornalista Ferreira Fernandes diz que “Não foi para isto que eu votei no PS”. Então, foi para quê? Votou no PS, para que o PS deite abaixo umas casas que lhe “estragam a paisagem". Cada português vota como vota, por motivos diferentes. Há quem tenha votado no PS, porque tem um filho desempregado. Há quem vote no PSD, pelo mesmo motivo - mas a culpa foi do Sócrates.
A democracia é um sistema curioso. Há muitas pessoas a votar no mesmo sentido, por motivos diferentes. E muita gente a votar em sentidos diferentes, pelo mesmo motivo. Por isso, é preciso ter muito cuidado com as interpretações abusivas. Quando ouço políticos, jornalistas ou comentadores a dizerem que “os portugueses querem” isto ou aquilo, sinto-me espanhol.
Portanto, nem “os portugueses” quiseram um governo da coligação; nem “os portugueses” querem uma maioria de esquerda. Há uma percentagem de portugueses que quer uma coisa, e várias percentagens de portugueses que querem outras coisas. O resto, como diz Fernandes, são “surpresas do caraças”