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Otelo, pá

por Miguel Bastos, em 26.07.21

otelo.jpg

No meio de um ambiente cinzento, havia o tio Jorge. Otelo e a irmã gostavam de imitar o tio. Chamavam-lhe a brincadeira dos “pás”. “Eh pá, vamos comprar cigarros”, dizia um. “Eh pá, vamos ao café”, dizia outro. Quando li isto, na biografia de Otelo Saraiva de Carvalho, de Paulo Moura, sorri.

Eu também brinquei aos “pás”, com os meus irmãos. Nós dizíamos “brincar aos jovens”. Falávamos ao telefone, íamos à praia, passeávamos de carro, bebíamos “cocktails”, íamos ao cinema e à discoteca. Os exemplos, vinham das novelas. Nós não tínhamos um tio Jorge, cosmopolita e “bon vivant”, que trabalhava numa companhia aérea. Mas dizíamos “pá”.

Em 1974, Otelo brincou, de novo, “aos pás”. Foi no 25 de Abril. O estilo manteve-se: “Mónaco e México já caíram nas nossas mãos.”; “Eh pá, palavra de honra? Isso é porreiro, pá”; “Desculpe, lá, qual é o seu nome?”; “Otelo Saraiva de Carvalho”; “Eh, pá!”.

Francisco Buarque de Holanda imortalizou a brincadeira numa canção: “Sei que estás em festa, pá”; “Eu queria estar na festa, pá”; “Lá faz primavera, pá”. O Chico, pá, a falar como o Otelo!

[Texto publicado, originalmente, em 22 de Junho de 2015]

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3 comentários

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Anónimo a 26.07.2021

Apesar de tudo, fiquei triste, pá. 
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António Ladrilhador a 06.08.2021


Penso entender a razão pela qual apenas refere o bem conhecido 'pá'. Não obstante, muito mais haverá a dizer acerca do Tenente-Coronel Saraiva de Carvalho, do legado que, de diversos pontos de vista, nos deixou.

Procurei refletir desapaixonada e objetivamente sobre o tema, num texto que encontrará em  https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/07/otelo-o-espinho-que-nem-morte-arrancou.html, que o convido a visitar. Desde já muito agradeço e terei o maior interesse em ler o que lá consentir em comentar.
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Miguel Bastos a 07.08.2021

Muito mais para dizer, claro. Recuperei este texto que é, apenas, uma foto instantânea. A biografia de Otelo, do jornalista Paulo Moura, que refiro tem várias centenas de páginas e, mesmo assim, deixa-nos a sensação que fica muito por dizer. Obrigado pela visita e pela partilha do seu texto. Um abraço,    

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