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“Não pesco nada”, pensei. Os noticiários apontavam para resultados diferentes nas negociações em Bruxelas: “Portugal aumenta as quotas de pesca para 2016” (Antena 1); “Portugal sofreu cortes nas quotas de pesca de espécies como o bacalhau” (Primeiro Jornal - SIC ). Afinal, em que é que ficamos?
Com mais atenção, verifico que, depois, as notícias vão dar à mesma coisa: Portugal perde capacidade de pescar bacalhau ou pescada, ganha em peixes como o biqueirão ou o lagostim. Qual é a questão, afinal? A questão está no enfoque.
Isto vem-nos lembrar que a notícia nunca é “a” realidade. É sempre uma construção. Na Antena 1, valorizou-se o volume das quotas, o que veio contrariar as expectativas. Na SIC, valorizou-se a perda de quotas nas espécies mais consumidas, apenas atenuada pelo aumento das quotas de espécies de menor consumo. Já agora, os noticiários foram editados por dois jornalistas, irmãos, que olharam para a mesma coisa, de formas diferentes. Nuno Rodrigues (Antena 1) viu o copo meio cheio. Bento Rodrigues (SIC) o copo meio vazio.