por Miguel Bastos, em 20.11.20

"Puta”. “Meretriz, queria a senhora dizer”. “Pois sim, senhor subchefe, também pode ser isso”. Cito a "Crónica dos bons malandros", de Mário Zambujal: um homem do jornalismo, da rádio, da televisão, dos livros. Pode-se ser isso tudo: alternada ou simultaneamente. Haja talento. Vem isto a propósito de um livro que tem, no título, a profissão referida. Ao que parece, o livro já esgotou a primeira edição - apesar de só sair hoje.
Há uns anos, num encontro de escritores, Rui Zink - que muitos conhecem da televisão - queixava-se do facto de um concorrente de um 'reallity show' estar em primeiro lugar no top de vendas de livros. Entre as regras desse programa, referia Rui Zink, estava a proibição de ler. Na altura, pareceu-me uma alegoria de Saramago (que também estava no encontro): as pessoas que não leem, andam a escrever livros, para pessoas que também não leem. Sendo assim, porque é que estas compram esses livros? Creio que compram por impulso e que alimentam a esperança (sincera) de que um dia os irão ler. Quero reconfortar estas pessoas: não se martirizem por não lerem esses livros. Lembrem-se que aquelas pessoas, das capas dos livros, também não leem e algumas nem sequer os escrevem.