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O Ziu era uma personagem. Veio de Moçambique, carregado de histórias que nós adorávamos ouvir. Gostávamos bué: as palavras, os sotaques, as paisagens, os embondeiros, os machibombos, as praias, as mulatas - era tudo fascinante.
Mas Ziu tinha, também, tiques de aristocracia. O verdadeiro nome de Ziu era Queirós. Aliás, Queiroz - com "Z" - "como o Eça de Queiroz", dizia, "também se escreve com 'z'". Ele insistia no "Z" e lembrava que tinha raízes na Póvoa de Varzim, a sugerir uma possível ligação familiar: os Queirós, da Póvoa, com "Z". De modo que, a dada altura, deixámos de dizer "Queirós" para dizer "Queirós com zê"... e, depois, "Queirózze"... e, ainda, "Queiróziu"... até chegarmos ao sufixo "Ziu". Uma espécie de "Becas Araújo de Almeida e Sá", em sentido contrário. Em vez de um diminutivo a puxar um longo comboio de sobrenomes, fomos reduzindo a alegada origem aristocrata de Queiroz, até chegarmos a um monossílabo. Um monossílabo a lembrar uma onomatopeia da banda desenhada. Dizíamos "ziu, ziu" enquanto fazíamos gestos de espadachim. Ou, então, usávamos o "Ziu" como conjugação pronominal: "quere-ziu", "pediste-ziu", "chamaste-ziu". Enfim, um sem fim de disparates. O Ziu ria-se. Ríamo-nos todos. Ríamo-nos bué. BuéZiu.