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“Já nas bancas”, anuncia um papel à porta da papelaria. Tinha “Observador” escrito no cabeçalho, com lettering e logotipo a condizer. Pensei que fosse publicidade. Um encarte do jornal numa outra publicação. Mas não, vi, depois, que era mesmo o Observador, a assinalar “O melhor dos nosso dois anos”. “Porque é que um jornal digital, publica uma edição em papel?”, perguntei-me, enquanto pegava (e pagava) o jornal.
O Observador é diferente dos outros jornais, porque já nasceu digital, assinala o diretor, Miguel Pinheiro, no seu editorial impresso. Confirma João Miguel Tavares (JMT), coordenador da edição impressa, que escreveu sobre a publicação, em papel, na edição digital. Um paradoxo? Talvez.
Para que fique claro: jornalismo é jornalismo. Dizer que a internet mata o jornalismo não faz sentido. Mas, é claro que a maior parte dos jornais ainda não se encontrou um bom modelo para financiar o seu jornalismo e é claro que o formato importa. Por isso, é que existem vários media: rádio, televisão, jornais, multimedia. Eu, por exemplo, gostei muito mais de ler o artigo da Maria João Avillez (sobre Marcelo Rebelo de Sousa) em papel, do que em digital. Tenho dificuldade de ler textos longos, em ecrãs. Normalmente, passo à frente. Gostava, por exemplo, que o Observador editasse, regularmente, os seus ensaios em papel. Poderá ser outro caminho para explorar no jornalismo.