Ideias e Baleias a 23.07.2015
"Os outros dificilmente contam."
Porquê? Já alguém votou?
É a sondagem que decide?
O PSD e o CDS acham que a actual coligação é a única que garante a estabilidade - obviamente, só poderiam dizer isso. Se o PS estivesse no lugar do governo diria o mesmo. Esta frase e as seguintes são as frases certas para o "papel" que cada partido representa, dependendo se está no governo ou na oposição. Tantas vezes que vi os senhores do PSD raivosos que nem cães em relação às políticas do Governo e quando o PSD se torna Governo, ficam macios, pacíficos e defensores de todas e quaisquer políticas do Governo. Por isso é que digo que eles são actores.
O PS diz que “é o único partido que pode consagrar uma maioria absoluta” - claro, se não for o PS a se auto-elogiar quem será.
O PCP lembra que “a estabilidade política significou desestabilização” dos portugueses - não significou desestabilização, mas sim destruição controlada da qualidade de vida.
O Bloco considera que Cavaco “não tem nenhum mandato” para impor uma maioria ao país - e é verdade que não tem. Mas pode aconselhar que haja estabilidade, dado que o século XX e XXI da governação portuguesa estão cheios de instabilidade política (ver http://ideiasebaleias2.blogs.sapo.pt/as-vezes-convem-conhecer-se-o-passado-140668).
P.S. - Tenho quase a certeza que a gravata que o Presidente usou era vermelha, não amarela :D
Boas!
Tem razão, a gravata era mesmo vermelha. Dei-lhe um toque no Photoshop :)
Quanto às sondagens, também tem razão: elas não decidem, mas indicam decisões. E o que elas indicam é que os portugueses, apesar de terem muito para se queixar, são muito conservadores no seu voto. Mal ou bem, os gregos ou os espanhóis estão a mudar as tendências de voto.
Claro que as sondagens falham. Foi o que aconteceu no Reino Unido que davam um grande crescimento do UKIP, o que não aconteceu. Lá, o sistema bipartidário tem sido mais acentuado do que em Portugal, e manteve-se. Na Europa, continua a temer-se o crescimento da extrema direita em vários países - nomeadamente, em França. Mas é o voto popular que decide, como é óbvio. Em Portugal tem decidido entre PSD e PS, com ou sem CDS.
Em relação a “contar ou não”, essa decisão passa, também, pelos próprios partidos. As cisões no seio do Bloco de Esquerda têm a ver com isso. Rui Tavares e, mais tarde, Daniel Oliveira e Ana Drago saíram do Bloco porque acham que a esquerda “à esquerda do PS”, não se deve excluir da governação. Tal como o CDS, o Livre/ Tempo de Avançar acha que não precisa de ganhar eleições, para influenciar a governação. E eu estou de acordo.
Por último, gostei de passar pelo seu Blog.
Um abraço,
Miguel
Ideias e Baleias a 26.07.2015
Ah, é que vermelho tem mais poder e intensidade :)
As sondagens não decidem, mas influenciam bastante. Se cada eleitor acreditar que a maioria dos outros eleitores vai votar daquela forma, essa crença irá influenciar o tipo de decisão desse eleitor.
Por exemplo, se os mais escolhidos nas sondagens forem PSD e PS, cada o eleitor pode decidir entre 1) não votar porque acredita que vai ficar tudo na mesma, 2) votar num dos 2 partidos para garantir que o "seu" irá vencer ou 3) outra alternativa que não me lembro agora. A sondagem pode funcionar como uma profecia auto-realizada e isso funciona a favor dos tais 2 partidos, em ciclo vicioso (https://pt.wikipedia.org/wiki/Profecia_autorrealiz%C3%A1vel).
A sondagem também desincentiva os eleitores que pretendem votar num partido diferente dos 2 de topo, o que leva a uma menor votação nestes.
Se, por outro lado, a sondagem indicasse intenções de voto significativas para partidos outsiders, isso estimularia os eleitores a votar nesses partidos.
Combinando o poder das sondagens com a exclusiva atenção que os media dão aos principais partidos, cria-se um cenário que leva os eleitores a só votarem em alguns dos partidos. Assim, de forma legal, distorce-se o que é a vontade popular, pois a vontade popular é levada a votar em determinados partidos. Está a ver?
Apesar de tudo, compreendo e até concordo com o que diz sobre o que tem ocorrido em termos de eleições em Portugal, Reino Unido, Espanha e Grécia.
O crescimento dos extremos tem muito a ver, na minha perspectiva, com a insatisfação das pessoas pelas políticas dos partidos que teoricamente estão entre os extremos.
Parece-me que na prática, cada partido em governação apenas apresenta um "cheirinho" do seu espectro político/ideologia e depois a maioria das políticas segue o mesmo tipo de caminho. Por isso é que a vida piora a pouco e pouco, mesmo com a alternância de partidos de "direita" e "esquerda". Não é única explicação, mas inclui este ponto.
Não sei se já disse isto, mas sendo o Syriza uma força teoricamente fora do jogo de todos os outros governos europeus, este teria de ser abatido. A Europa e o mundo não aceitam mais nada, apesar de terem sido eleitos, a tal vontade popular. Pode-se argumentar que eles são inexperientes/incompetentes/outros defeitos, que a Grécia fez isto e aquilo, mas só pretendo apontar que hoje não se aceitam outras forças políticas que não façam o jogo que se pretende. E enquanto assim for, tudo ficará na mesma (pior a cada dia).
Sim, passa pelos outros partidos, é certo, mas não só.
Os partidos têm de fazer a parte deles. Demonstrarem que são um partido completo, com um programa completo e para todas as áreas da governação. Penso que a maioria não o faz.
Uns porque não têm capacidade intelectual para governar e só querem alguns lugares para ter voz.
Outros porque, como disse, pretendem na prática coligar-se (a que eu chamo de "oportunismo" na vertente negativa e "realismo" na vertente positiva").
Outros porque sabem perfeitamente que nunca serão eleitos como vencedores, apesar de terem bons programas e intenções, porque não têm a promoção dos 5 fantásticos, oferecida e perpetuada pelos media. Este último grupo é o mais preocupante.
Se todos os partidos tivessem um tratamento razoavelmente igual, os próprios partidos fariam o trabalho de demonstrar a sua competência e incompetência aos eleitores. Mas isso não tem acontecido. Os grandes partidos têm as luzes sobre si e repartem os votos. E os mais pequenos não recebem luz suficiente durante o tempo suficiente para que os eleitores possam ver realmente de que são feitos os tais partidos. Os tempos de antena antes dos noticiários não são luz suficiente.
Por isso, se contam ou não, pode-se que dizer que até agora não têm contado.
O futuro o dirá.
Pode activar o Rich Text para os comentários? Torna-se mais fácil dar ênfase às palavras e inserir links.
Continue a passar se não se fartar :D
Tudo de bom ;)
Olá.
Não lhe respondi antes, por falta de tempo, que agora também não é muito.
Tem razão as sondagens influenciam e muito. Faz parte do jogo. Mas as sondagens não são inventadas.
Não foram as sondagens que elegeram o governo grego. Foram os eleitores. O facto de outro países não perceberem isso é lamentável.
Trabalhei numa empresa em que, quando os resultados não eram os que queríamos o chefe perguntava “porquê”. Havia sempre quem lhe respondia com fraudes e batotas. Ele respondia “se há provas vamos fazer queixa, vamos para tribunal”. Mas acrescentava “de certeza que, quando estamos em primeiro, também há batota”.
Em relação aos partidos, não tenho a certeza do que é um tratamento igual. Um partido acabado de aparecer deve ter o mesmo espaço mediático do que um partido com 40 anos de implantação?
Penso que não. Os partidos representam pessoas: dar 10 minutos a um partido com 2 milhão de eleitores ou com dois eleitores não é igualdade.
Fala dos cinco fantásticos: até há quinze anos eram só 4; só depois apareceu o Bloco. A exposição conquista-se, não se oferece. E um partido com muita exposição, passa a ganhar eleições? Também penso que não. Isto não tem a ver com gosto ou convicção. Eu gosto mais do Sérgio Godinho do que do Tony Carreira, mas percebo porque é que o primeiro vende menos do que o segundo. E penso que ele também. Podia vender mais, se quisesse. Mas não quer, e, se calhar, ainda bem.
Um abraço e volte sempre,
Miguel.
Ideias e Baleias a 31.07.2015
Olá Miguel,
Vou responder rapidamente também por uma questão de tempo.
Percebo o seu ponto de vista.
Os resultados das sondagens funcionam em ciclo vicioso.
Claro que deviam dar o mesmo espaço. Pelo menos no início. Depois via-se de que material os partidos eram feitos e se tinham razão para terem atenção. A visibilidade é tudo. A competência sem visibilidade é como se não existisse. Infelizmente é assim em demasiados locais e contextos. Ah e dar 10 minutos todos os dias para acusações e banalidades é lixo. Só enche espaço televisivo.
Ao se continuar a dar os muitos minutos aos que têm 40 anos e poucos ou nenhuns aos outros, deixa-se implícito que os outros valem pouco. Dessa forma influenciam-se os eleitores que continuam a dar os 2 milhões de votos ao partido X. Porque é um ciclo vicioso.
Há partidos sem representação na AR que talvez tenham mais capacidades do que o BE que referiu ou outro partido qualquer dos 5. Mas não têm meios (leia-se dinheiro pago pelos contribuintes) para se dar a conhecer. Os próprios partidos do poder precisam de continuar a ter votos para terem dinheiro para se promoverem para novamente terem votos.
Li há alguns dias dizer-se que o Marcelo Rebelo de Sousa não teria meios financeiros significativos para fazer campanha, caso avançasse. E ele é conhecidíssimo. Imagine-se um partido "bom", mas desconhecido. Nunca chega a lado nenhum.
Por isso é que os partidos actuais na AR têm uma posição estável (mais lugar menos lugar). Mais ninguém consegue entrar na corrida.
Sim, também percebo as diferenças entre os 2 artistas. No fundo e muito espremido é uma questão de imagem. Mas talvez os dois consigam viver da música.
Por outro lado, os Portugueses têm dificuldade em viver daquilo que fazem na vida. E os que conseguem podem não estar com boas perspectivas de futuro.
João Carlos Reis a 24.07.2015
«...: “não há nenhum motivo para que Portugal seja uma excepção”.»... Pois... ele, que não tem moral absolutamente nenhuma (dado o seu triste passado como primeiro-ministro e o seu futuro nada risonho como presidente), pois eu até nem votei nele, para dizer o que seja, dado que isso das minorias ou maiorias é apenas atirar areia para os olhos dos Portugueses.
O que a Nação merece, e isso ele não disse, é de políticos, governantes e empresários de carácter, idóneos e afins para que a Pátria possa novamente levantar a cabeça com políticas de desenvolvimento económico que permitam, não só pagar a dívida, mas acima de tudo dar um melhor nível de vida aos meus concidadãos.
Já agora: porque não aproveita para escrever antes sobre o inconsciente bandalho socialista que levou o País à bancarrota! Esse grande pulha e descarado corrupto, um arrogante político sem escrúpulos, aldrabão e mentiroso, falso engenheireiro de Domingo...., Reles chefe da máfia xuxialista, esse nojento paneleiro!!.... E ainda há quem defenda esse fdp! Deve ser do imenso poder do seu Lobby Gay, que os protege uns aos outros!!!...
João Carlos Reis a 24.07.2015
Prezado antimáfiasocrática,
foi pena não ter lido a minha constatação, pois se a lesse não teria feito este documentário a despropósito, pois como é fácil de depreender pelo que escrevi, nem o Sócrates nem praticamente nenhum dos nossos governantes pós-25 de Abril de 1974 se encaixa na categoria «... de políticos, governantes e empresários de carácter, idóneos e afins...»... logo eu nunca o defenderei...
Para que conste, eu não tenho nem pertenço a nenhum «Lobby Gay»... e digo-lhe mais: eu tenho pena dos ditos homossexuais...