Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Por estes dias, a minha rádio voltou a passar a canção "Russians", de Sting. A canção marcou o ano de 1985. Estávamos em plena guerra fria, cheios de medo da guerra nuclear. A União Soviética estava em queda livre e Reagen andava com a cabeça nas nuvens. Os Estados Unidos lançaram um programa para impedir uma guerra nuclear, a partir do espaço. Tinha o nome, oficial, de Iniciativa Estratégica de Defesa, mas ficou conhecido, popularmente, como "Guerra da Estrelas". Este nome dava-nos uma ideia de ficção, de uma brincadeira de crianças muito, muito perigosa. "Russians" fala de Reagan, de Khrushchev, de uma guerra "invencível", do brinquedo mortal (bomba atómica) de Oppenheimer, do amor pelas crianças. A canção passava, muitas vezes, antes ou depois do telejornal e dava-nos arrepios. Os mesmos que sinto, por estes dias, em que voltámos a ouvir "Russians", pelas piores razões.
"Não digam 'russos'", corrigiu a professora de geografia. "Mas eles não são russos?", perguntou o Artur. "Não", corrigiu a professora, "são soviéticos." "É a mesma coisa", insistiu o Artur. "Não seja burro. Só é a mesma coisa, para pessoas ignorantes e preconceituosas". A professora de geografia conseguia ser tão assertiva, que nós traduzíamos a designação "assertiva" por "quilhada", ou outras mais... mais... assertivas. Mas, a professora conseguia, também, ser pedagógica. E, antes de mergulhar - com entusiasmo - nos "colcozes" e nos "sovcozes", lá explicou a diferença entre a Rússia imperialista, dos czares, e a União Soviética generosa, dos socialistas. Na altura, achei que tinha percebido. Hoje em dia, não tenho a certeza.