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O jogo já tem barbas. Uma pessoa esconde um objeto, a outra tem de o encontrar. A primeira ajuda a segunda com as indicações: “Quente”, “Frio”, “Gelado”. Também dá para se fazer o jogo com um facto ou com um pensamento. Por exemplo: “Adivinha quem é que eu vi hoje de manhã” ou “Adivinha quem é que ganhou o debate…”
O debate foi ontem. Passos Coelho e António Costa, perante três jornalistas, em simultâneo nas três televisões. As televisões venderam-nos “o debate decisivo”e exploraram o facto de “pela primeira vez, os dois principais candidatos debatem, em simultâneo, nos três canais de televisão”.
Para alimentar o “acontecimento”, houve uma grande aposta na análise e descrição dos bastidores do debate. Na TVI, José Alberto Carvalho falou, com Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o nervosismo antes dos debates. Na SIC, Pedro Mourinho perguntou a António Vitorino e a Santana Lopes, se costumavam fazer exigências para os debates. Como as estrelas de rock, antes dos concertos. É que…
para o debate, António Costa pediu ambiente frio e Passos Coelho pediu água gelada. O resultado foi morno. Só podia ser…
Cavaco Silva diz-se “mais aliviado” com a privatização da TAP. O alívio foi confessado, aos jornalistas, a bordo de um avião. O local foi bem escolhido…
E onde é que os novos donos vão buscar dinheiro para injectar na TAP? O JN explica: à TAP. Vendem os aviões. Faz sentido?
Pelo vistos faz. Se não há dinheiro que chegue…
Ou há? É que estes senhores, que acabam de chegar à TAP, também querem comprar a Carris e o Metro de Lisboa. Como, vendendo autocarros e carruagens?
Voltando à TAP... Tal como o governo, o Presidente da República está contente, porque “A maioria do capital é português”. Qual capital? O que vier com a venda dos aviões?
Os liberais do costume irão argumentar que o importante é que o Estado saia da empresa. O Estado português, já que (de novo no JN) a operação vai ser realizada com o apoio do Estado… brasileiro.
Tudo isto para dizer que, uma vez mais, a bota não bate com a perdigota.
Termino com dois radicais de esquerda: Marcelo, na TVI, diz que “a TAP foi praticamente dada”; e Marques Mendes, na SIC, resume: “São uns pândegos”.
Pois, estamos mais aliviados, senhor Presidente.
Não antipatizo com os Globos de Ouro. Temos pessoas com talento e acho que as devemos premiar. E há gente bonita, para passear na passadeira vermelha e sentar no Coliseu. E gente interessante para actuar e fazer discursos no Coliseu. O que me custa é acabar tudo a discutir vestidos.
Mas há outra coisa que me faz confusão. Nos Globos de Ouro, há um júri especializado para nomear quem se destacou nas diferentes categorias. Depois, as pessoas votam nos seus favoritos. O que levanta problemas.
Por exemplo, na categoria de teatro ganha sempre por um ator que as pessoas conhecem da televisão. Não quero parecer elitista. O problema não é um ator ser mais conhecido do que outro. O problema é um actor ser nomeado pelo desempenho numa peça de teatro e vencer (ou perder) pela sua prestação na telenovela das nove. É um equívoco que se estende ao cinema e ao desporto. Neste último caso, juntam-se várias modalidades e vence o tipo do futebol. Ou seja, Cristiano Ronaldo.
Nos Globos de Ouro, misturam-se alhos e bugalhos e, ao contrário dos vestidos, nunca vi ninguém a discutir isto.