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Está aí o “tempo Novo”, de que falava Sampaio da Nóvoa. O tempo novo chegou, mas sem Nóvoa. As eleições legislativas já tinham dado uma derrota ao PS. Mas, mesmo assim, António Costa formou governo. Mesmo sem ter vencido, mesmo sem coligação. Mas com o apoio da esquerda, que esteve sempre fora do “arco da governação”.
Depois disso, Marcelo venceu as eleições, sem depender da simpatia dos partidos que o apoiaram, ou toleraram. O “tempo novo”, começado com António Costa, seguiu, com Marcelo. A sua tomada de posse em vários atos, e em vários dias, apagou as últimas resistências. Em Lisboa, foi a pé para o Parlamento, teve uma cerimónia espiritual com as várias religiões e um espetáculo musical com músicos populares. No Porto, desfilou nos Aliados, telefonou para a Rádio Comercial e visitou o Bairro do Cerco, com a população a aclamar “Marcelo,Marcelo”.
Foi, também, no Porto (Gondomar, vá!), que o CDS elegeu a sucessora de Paulo Portas. Assunção Cristas vai-se distanciando do PSD e aproximando de António Costa , ao realçar que o voto útil já não faz sentido. O importante é quem tem condições de formar governo. Por isso, as pessoas devem votar no CDS e não no PSD.
Este é o “tempo novo”. Surpreendentemente, tem política. Quem diria?
Cavaco Silva já fixou a data das eleições: 4 de Outubro. Uma boa data, já que deixámos de celebrar a República, de que Cavaco é presidente. Em frente. Para além de fixar a data, Cavaco pediu: "uma maioria estável no Parlamento”. Referiu que é necessária estabilidade, já que continuamos sujeitos a uma forte disciplina financeira.
Os partidos não tardaram a reagir: o PSD e o CDS acham que a actual coligação é a única que garante a estabilidade; o PS diz que “é o único partido que pode consagrar uma maioria absoluta”; o PCP lembra que “a estabilidade política significou desestabilização” dos portugueses; o Bloco considera que Cavaco “não tem nenhum mandato” para impor uma maioria ao país.
Portanto, tudo na mesma, como a lesma. Os coligados acham que personificam o desejo de Cavaco; o PS também, mas vai fazer tudo sozinho; o PCP e o BE põem-se de fora (como sempre). Os outros dificilmente contam. Em Portugal, uma coligação continua a ser um bicho de sete cabeças. Cavaco tem razão: “não há nenhum motivo para que Portugal seja uma exceção”. Mas vai continuar a ser… Vou ver o Borgen. Está gravado.