Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

De gatas

por Miguel Bastos, em 08.03.22

Humor em tempos de guerra. Na redação.
- ... isso foi há quanto tempo?
- A guerra na Bósnia? Ui, vai fazer 30 anos!
- 30? Nessa altura, eu ainda andava de gatas!
- Este camarada, também. De gatas, a fugir das bombas.
- Fogo, eu acho que morria!
- Ele também achou. Mas, felizmente, ainda cá está.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Retratos da Ucrânia

por Miguel Bastos, em 02.03.22

antena 1.jpg

"Seis crianças, dois cães, oito adultos e um microfone". O repórter Nuno Amaral a enviar retratos, num "bunker" improvisado, na cidade de Rivne, a 300 km de Kiev: "um presépio pobre. Paupérrimo". Jornalismo.

[Um minuto e meio de rádio. Para ouvir aqui, https://www.rtp.pt/noticias/pais/abrigos-improvisados-sao-solucao-para-fugir-a-bombardeamentos-na-ucrania_a1388357 ou carregando na imagem]

Autoria e outros dados (tags, etc)

Whitney Houston

por Miguel Bastos, em 11.02.22

whitney.jpg

Whitney Houston morreu, há 10 anos. Há 10 anos, (lembro-me bem) os canais de notícias portugueses resolveram colocar imagens em direto dos canais americanos, para acompanhar as cerimónias fúnebres da cantora. A antecessora da CNN Portugal (que, não sei se se lembram, se chamava TVI 24) ia tentando acompanhar a cerimónia em direto, com narração em português. Viam-se imagens da família e de pessoas do mundo da música e do espetáculo, mas as pessoas, em estúdio, não as reconheciam. Entretanto, chamaram (e bem) algumas pessoas da rádio. Porém, também não ajudaram muito. Algumas, escolheram o registo pessoal e disseram coisa tão importantes como "quando saiu o 'Bodyguard' chorei baba e ranho" (algo que qualquer leitor da Crónica Feminina poderia ter dito). Outras, puseram o coração (e o ranho) ao largo e agiram como profissionais. "Aquela senhora deve ser avó da Whitney", dizia um. Era a cantora Aretha Flanklin. "Eu acho que não, acho que aquela é a Aretha Franklin. A mãe..." ("sim, a mãe, que disparate", dizia o da avó) "deve ser a outra senhora". A outra senhora era a cantora Dionne Warwick. "Que também é cantora", dizia a outra.
"É", disse eu, em voz alta "são todas. A Aretha Franklin é cantora (talvez a maior cantora "soul" de sempre). A Dionne Warwick (maravilhosa!) também é cantora. Mas não é avó, nem mãe de Whitney. É prima. E é sobrinha de Cissy Houston (também cantora), mãe de Whitney".
"Estás um bocado irritado", disseram-me lá em casa. "Estou", respondi, "porque ou isto não é importante e não sei porque é que estão a fazer esta emissão. Ou, então, convinha que não dissessem tantos disparates".
Whitney Houston morreu, há 10 anos, vítima dos mesmos excessos, de outras vedetas do mundo da música. Sempre achei que tinha uma voz e um talento muito superiores à sua música. Uma pena.
As televisões mudam de nome, mas continuam a fazer maratonas de disparates. Outra pena.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Dia da rádio

por Miguel Bastos, em 10.02.22

miguel-bastos-capa.jpg

Os jornalistas não devem ser assunto. Não gosto quando isso acontece. Exceto se for eu, claro. O Afonso Ré Lau (coitado!) achou que era boa ideia celebrar o Dia da Rádio, por antecipação, comigo. Gostei de conhecer o Afonso. Um dia destes vamos tomar um transístor juntos. Eu pago a primeira rodada.
 

Para ler, clicar na imagem ou aqui.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Uma vida do caraças

por Miguel Bastos, em 25.01.22

incendios.jpg

O jornalista Adriano Miranda alertou, hoje, no Facebook: "Morreu o Sr. Francisco". O sr. Francisco é maior do que ele próprio. Primeiro, o seu retrato (uma obra de arte, do Adriano) correu o país. Depois, correu o mundo. O sr. Francisco tornou-se o símbolo dos incêndios de 2017: da tragédia, do sofrimento, do desespero; mas também da luta, da esperança, da vida. A jornalista Patrícia Carvalho detetou-lhe a "réstia de um sorriso" e contou a sua história no livro "Ainda aqui estou". O sr. Francisco não esteve sempre ali: na aldeia de Covelo, freguesia de Ventosa, concelho de Vouzela, distrito de Viseu. (As terras mais pequenas - penso agora - ocupam tão pouco espaço no mapa, que, para serem vistas, precisam de nomes mais extensos do que a aristocracia europeia). O sr. Francisco tentou ganhar vida e mundo, mas, infelizmente, não foi correspondido. Voltou para a terra; construiu uma casa, onde viveu com a mulher, uma tia e uma ausência de filhos; semeou "umas batatas" e plantou "umas cebolas". Em 2017, quando as chamas lhe arrancaram do seu sono de viúvo, nessa noite quente de outubro, percebeu que nada havia a fazer. Fechou-se em casa, bebeu aguardente "para andar assim meio atordoado", temeu o pior, esperou pelo menos mau. Sobreviveu, para contar.

A maioria dos jornalistas vive rodeada de "cenários" e "teatros de operações". Alguns, porém, conseguem "mergulhar" nos cenários, habitados de personagens e figurantes, e resgatar gente. O sr. Francisco era um símbolo, sim, mas também era gente. Aliás, era, sobretudo, gente. Gente com vida própria: "uma vida do caraças", disse ele, "uma vida do caraças".

Autoria e outros dados (tags, etc)

Expresso

por Miguel Bastos, em 07.01.22

expresso.jpg

Ler o jornal devia ser isso mesmo: ler o jornal. Um ato banal, corriqueiro, quotidiano. Será, ainda, um direito e um dever. Mas, hoje, ler o jornal - este, em particular - pode ser, também, um ato de solidariedade e luta. Que não se esgote no dia de hoje.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tasca

por Miguel Bastos, em 07.01.22

tasca.jpg

Sejamos francos: o cheiro a álcool, numa redação, não é uma coisa inédita.
Mas,não me lembro de uma redação a cheirar a tasca, logo pela manhã. 
De resto, acho que não lembra a ninguém.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Ex-jornalista

por Miguel Bastos, em 05.01.22

post cortada.jpg

Mais cedo ou mais tarde, serei um ex-jornalista ou um antigo jornalista. A ideia incomoda-me, porque acabo de passar pela página "online" de um ex-jornalista que "virou" assessor. Atualmente, o "ex-as-duas-coisas" julga-se portador de um grande conhecimento e autoridade e dedica-se à critica da ambas as artes, com uma ou outra incursão na gastronomia. Critica a falta de cultura dos jornalistas, o populismo dos media populares ou a falta de qualidade dos media de referência. Ao mesmo tempo, gosta de lembrar que foi jornalista. Está, portanto, a falar de colegas. E colegas, no jornalismo, tem uma conotação específica. Depois, escreve, com altivez, sobre política local ou nacional; sobre políticos portugueses que assumiram cargos internacionais; sobre instituições pública da saúde ou da justiça; sobre as grandes empresas com origem ou forte participação do Estado. Vai tudo varrido a incompetência, ignorância, impreparação e desonestidade. Ele sabe do que fala, porque trabalhou na política. Com políticos que lhe financiaram as convicções liberais, com dinheiros públicos.
Da minha parte, estou esclarecido acerca da sua visão "aprofundada" sobre o jornalismo e a política. Sobre gastronomia, basta-me um provérbio: "Com papas e bolos se enganam os tolos".

Autoria e outros dados (tags, etc)

A confiança

por Miguel Bastos, em 07.12.21

tedros.jpg

A pandemia aumentou a confiança dos portugueses na ciência e nos profissionais de saúde, refere um estudo da Universidade do Porto, que indica que a população passou a confiar menos nos políticos e nos jornalistas. Espero não ser corporativista, mas fui ver os alinhamentos dos noticiários que referiam o estudo. Eis alguns exemplos:
 
- o governo português garante que está tudo a postos para vacinar os menores
 
- o segundo voo de repatriamento de portugueses, vindo de Moçambique, chegou a Lisboa
 
- a vacinação obrigatória está em discussão, em vários países
 
Claro que podemos (e devemos) discutir as medidas de combate à pandemia, a sua aplicação e fiscalização ou o tempo de decisão. Mas temo que a generalidade das pessoas tenha ficado com a ideia que "os políticos" andam a discutir as vacinas e os confinamentos, enquanto os médicos andam a trabalhar, o que, manifestamente não é verdade. Não são os médicos que compram vacinas, que abrem centros de vacinação, que fecham escolas. Já têm trabalho que chegue.
 
Evidentemente, há muitos casos em que os políticos falham. A nova variante, por exemplo, veio por a nu uma evidência: África continua arredada do processo de vacinação e, enquanto for assim, não será possível controlar a pandemia. E quem é que denúncia isto? Os médicos e cientistas, mas, também, as Nações Unidas, dos... políticos.
 
E, já agora, como é que isto tudo se sabe? Parece que os jornalistas disseram qualquer coisa sobre o assunto. Os mesmos jornalistas que perdem a confiança das pessoas, por causa de fenómenos como a "desinformação" e as chamadas "'fake news'", que são o oposto do jornalismo.
 
O mundo está confuso e as pessoas têm todo o direito de andarem atentas e desconfiadas. Mas, gritar por gritar, disparar em todas as direções ou deitar tudo para o mesmo caixote do lixo, só vai piorar as coisas.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Os meio e os fins

por Miguel Bastos, em 03.12.21

zemmour.jpg

Este é o novo sobressalto da democracia europeia: chama-se Eric Zemmour. O candidato à presidência do país da "Liberdade, igualdade, fraternidade" é um conhecido ex-jornalista e comentador da televisão. Zemmour é um judeu de extrema-direita, simpatizante de Pétain - símbolo máximo do colaboracionismo nazi. Um antimuçulmano, que já foi condenado por racismo, e que conta com o apoio de Le Pen pai. Zemmour anunciou que era candidato, num vídeo publicado no Youtube. Não é surpreendente. Os defensores das ideias mais antigas não hesitam em recorrer às tecnologias mais modernas, para espalharem a sua mensagem. Não é uma invenção do populismo de hoje. É uma invenção do populismo de sempre. Os "modernos", admiradores do teórico dos media Marshall McLuhan, continuam encantados com os "meios que são mensagem". Os "antigos" não olham a meios, para atingirem os fins.

[Foto: Joel Saget / AFP]

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Calendário

Setembro 2023

D S T Q Q S S
12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930

Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D