Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Fim-de-semana. TPC. Revisão da matéria dada.
Acompanhei, com interesse, a convenção das direitas. Tão plural, que deixou entrar pessoas de esquerda, como Rui Rio. O nome "MEL" também é bom. Fica no ouvido. Mas, parece pouco rigoroso. Que tal "Ninho de vespas"?
O MEL - Movimento Europa e Liberdade está a realizar uma convenção, em Lisboa, que tem como objetivo contribuir para a convergência da direita, em Portugal. Vamos a convergências:
O líder da Iniciativa Liberal acusou o PSD de ser refém do Partido Socialista e de fazer o discurso do Bloco de Esquerda e do PCP. Depois, numa referência ao Chega, declara que nunca apoiará o populismo.
O Vice-Presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, do PSD, considera que a discussão sobre a convergência à direita é "extemporânea", reconheceu que Rui Rio não vai ganhar as próximas eleições e que a solução passa por eleições internas.
A deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, considera que, primeiro, os partidos têm que se organizar, internamente, mas admitiu que a direita tem de começar a discutir "o que quer para o país", para não fazer "fretes ao PS".
O vice-presidente do Chega, Nuno Afonso, diz que, apesar de dizerem que não fazem governo com o Chega, a Iniciativa Liberal e o PSD estão "a alimentar o sapo que mais cedo ou mais tarde vão ter de engolir".
Tanta convergência fez-me lembrar uma canção de Gonzaguinha, daquelas de partir o coração, que Maria Bethânia cantou num disco que, curiosamente, se chama "Mel":
Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
Me bota na boca
Um gosto amargo de fel
Depois
Vem chorando desculpas
Assim meio pedindo
Querendo ganhar
Um bocado de mel
Era noite e estávamos em frente à televisão. Esperávamos a Dona Xepa. A Dona Xepa vendia no mercado, trabalhava noite e dia para, sozinha, criar e educar os filhos. Parecia a nossa vida. Preparávamo-nos, portanto, para nos vermos ao espelho, quando o Raúl Durão, com voz de BBC e cara de caso, interrompeu a emissão. A minha mãe barafustou. "Não há direito, interromperem assim a novela", mas rapidamente, mudou de tom. Engolimos em seco. Sá Carneiro tinha morrido e a notícia foi mais difícil de engolir do que as chicotadas na escrava Isaura.
O PCP já anunciou que se vai abster. Daqui a pouco, o PAN vai revelar o sentido de voto. A aprovação do Orçamento do Estado parece uma série de televisão. Gostava de seguir o Orçamento com mais atenção, mas o pessoal cá de casa anda mais interessado na Galactica: "By your command!"
No armazém, ao pé da minha casa, estavam pendurados 3 cartazes da AD, emoldurados como se fossem retratos a óleo: num, estava o Sá Carneiro; no outro, o Freitas do Amaral; no terceiro, um senhor mais velho. Na telenovela da noite, um dos protagonistas era jovem, tinha uma namorada bonita e era arquiteto paisagista. Na primeira excursão a Lisboa fomos à Gulbenkian: adorei (tanto) os jardins, que nem entrei no museu. Só mais tarde é que comecei a unir as coisas. Gonçalo Ribeiro Telles era, de facto, mais velho do que os outros, mas não era um velhinho. Os jardins da Gulbenkian dificultavam a entrada no Museu porque eram demasiado belos (acreditam que só à terceira tentativa é que resolvi entrar no CAM?). Ser arquiteto paisagista só é uma profissão jovem e moderna, por causa de pessoas como Gonçalo Ribeiro Telles, que criou um oásis de modernidade, no inverno salazarista. É por isso que, apesar de morrer aos 98 anos, ficamos com a sensação que foi demasiado cedo. Por isso, e, também, porque Portugal teima em chegar demasiado tarde. [Foto: Alfredo Cunha]
- Vai, mas é, dar uma volta ao bilhar grande!
- Vai tu!
- Toma, incha!
- Quem diz é quem é!
- Quem mais jura é quem mais mente!
- Enganei-te, papas com azeite!
- Querias, querias batatas com enguias!
O debate político rejuvenesceu. Está num novo ciclo: o primeiro ciclo.
Já era tempo do CDS voltar a ter um líder com dois apelidos. É uma condição importante, para um partido que se quer afirmar à direita. Estou, até, convencido que os problemas recentes do CDS não têm origem na ideologia, mas sim na antroponímia. [Foto: Paulo Novais - Lusa]
"Abel Matos Santos quer “romper” com os últimos 25 anos do CDS", escreve, hoje, o jornal Público. Abel Matos Santos é candidato à liderança do partido que, há 25 anos, rompeu com o CDS de Freitas do Amaral. Nessa altura, Lucas Pires já tinha rompido com o CDS e o Partido Popular Europeu já tinha rompido com o CDS, expulsando-o da família europeia de centro-direita. Há 25 anos, o CDS tinha acrescentado o sufixo "PP", que muitos associavam a Paulo Portas. O jornalista-ideólogo apoiava a ruptura de Manuel Monteiro, mas, depois, rompeu com Monteiro num congresso, em Braga. De seguida, Manuel Monteiro rompeu com o CDS, para fundar um novo partido. Foram muitas rupturas, para um partido conservador que Abel Matos Santos quer voltar a “romper”. Já agora, Abel Matos Santos é porta-voz da Tendência Esperança em Movimento. Pelo vistos, o Movimento quer regressar a 1994.