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Racismo, violência policial, pobreza, desemprego, manifestações: eis o que o irmão de Marvin Gaye encontrou nos Estados Unidos, ao regressar da guerra do Vietnam. Marvin inspirou-se nesse regresso para escrever novas canções e acrescentou os seus dramas pessoais: a morte da cantora Tammi Terrell, a instabilidade do seu casamento ou a relação difícil com a sua editora. Com o debate racial, de novo, em cima da mesa tive vontade de regressar a "What's going on". Poderia ser um disco escuro, amargo e violento. Mas, curiosamente, Marvin Gaye canta sobre a morte das pessoas ou do planeta, com a sua voz doce de sempre e sobre um tapete sonoro elegante, sensual e sofisticado.
Como qualquer sopeira, gosto de pechinchas. Por exemplo, gosto de visitar uma certa loja francesa, para comprar a preços do chinês. Peguei no disco "Givin' It Up" de George Benson e Al Jarreau, porque estava barato. O disco abre com um clássico de cada um. O que é mais engraçado é que Jarreau "vocaliza" um instrumental de Benson (Breezin') e Benson "instrumentaliza" um tema de Jarreau (Morning). Mas é mais do que isso. Benson é um guitarrista de jazz que, progressivamente, se foi tornando cantor. Jarreau não é, apenas, um cantor. É um instrumentista genial, que toca voz. Morreu no ano passado e a maioria das pessoas apenas se lembrava do tipo que cantava a música do "Modelo e detetive". Benson e Jarreau têm outra coisa em comum: um talento enorme que, por vezes, foi abafado por opções artísticas duvidosas.