Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Portanto, se bem percebi: são insondáveis os caminhos deste senhor.
Por estes dias, trocam-se acusações entre a esquerda e a direita; entre os vários partidos de esquerda; e entre os militantes dos partidos da direita, que vão para eleições internas. Portugal vai para eleições porque, supostamente, precisa de uma clarificação. Antes da clarificação, porém, as coisas vão ficando mais negras.
"Se queriam jogar ténis ou padel", diz Santana na televisão, "tinham de vir para a cidade, p'ro meio da 'quecaria'". Santana justifica a dívida deixada na autarquia da Figueira da Foz, com os investimentos nas freguesias rurais.
"Quecaria" (nem sei se é assim que se escreve!). "Quecaria". Onde é que será que Santana aprendeu a palavra? Não foi, certamente, com os meninos da Lapa (é demasiado cidade). Já sei, só pode ter sido com a "fricalhada" da Quinta da Marinha.
Entusiasmado pelo calor da campanha, António Costa resolveu criticar o desempenho dos autarcas do PCP, dizendo: "Nós estamos aqui para trabalhar. Nós não estamos aqui para reivindicar que os outros trabalhem, por conta de nós". Eu, que tenho muito respeito pelos trabalhadores por conta de outrem, estranhei o tom. Fez-me lembrar o "deixem-me trabalhar", exigido por um antecessor de Costa. Ele há tiques...
[Foto: Tiago Petinga / Lusa]
O Dinis parecia um "yuppie" do cinema: a mesma forma de vestir e de calçar; o mesmo tipo de penteado; o mesmo gosto por relógios, carros e mulheres; o mesmo o pragmatismo; os mesmos princípios, ou falta deles. Podem ver o Dinis nos filmes sobre Wall Street, de Oliver Stone e de Martin Scorsese. Quando falava com um cliente, o Dinis dizia "tu vales 10% da minha faturação, tu vales 10% do meu tempo". Se lhe pediam mais tempo, negociava: em dinheiro. Não dava tempo de antena - a ninguém. Nem um minuto, para além da faturação. Custa a admitir, mas, talvez, o Dinis tivesse alguma razão: 10%, pelo menos.
"Eu tenho um saco azul", diz o candidato às presidenciais. Não é, presume-se, um caso para investigar, porque foi dito por Vitorino Silva, numa tertúlia com o presidente da República. O saco é de uma conhecida empresa multinacional. Normalmente, serve para guardar cobertores.
A dada altura, deixei de ver telenovelas. Mas lia os resumos, nos jornais. Assim, não perdia tempo, nem uma pitada da história, nem uma conversa com a vizinhança. Acho que se devia fazer o mesmo com os debates presidenciais. Com três debates numa noite, é impossível acompanhar todas as peripécias. Ontem, por exemplo, assisti aos debates entre Marcelo Rebelo de Sousa e João Ferreira e entre Marisa Matias e Ana Gomes, acabando, depois, por descobrir que o debate da noite tinha sido entre Vitorino Silva e André Ventura. Os debates deviam ser gravados, como as novelas. Assim, eu lia os resumos, nos jornais, e optava pela melhor trama. E as televisões podiam fazer boas promoções com imagens emotivas e canções de ir às lágrimas. Conseguem imaginar o impacto da promoção do debate entre Vitorino Silva e André Ventura ao som das "Pedras na calçada", de Paulo Gonzo?