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O apagão

por Miguel Bastos, em 30.04.25
O apagão fez acender um amor, inesperado, à rádio. E o amor é lindo. Digo-o, sem ironia. As páginas das redes sociais encheram-se de postais, com mensagens de amor e fotografias de aparelhos de rádio. Rádios novos, comprados à pressa. Rádios antigos, retirados de caixotes que foram caixões. Rádios ressuscitados. Rádios resgatados à memória: às tardes na aldeia, com a avó; às idas à bola, com o avô. Foi o desfile da rádio nostalgia, da rádio saudade, da rádio a pilhas.

Ora, a rádio não é a pilhas. A rádio é tão boa, que até pode ser a pilhas - o que é muito diferente. Como pode ser digital. E pode ser pod coiso, para os pod-modernos. E pode ter imagem, para os selfie made men. E é wireless, de nascença. A rádio não é coisa do passado. É de agora - como se ouviu, quando não se via nada.

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Sá Carneiro

por Miguel Bastos, em 28.04.25

EXPOSIÇÃO SÁ CARNEIRO DEMOCRACIA.jpg 

Quando foi fundado, em 1974, o PPD quis-se afirmar como um partido de centro-esquerda. Ninguém acreditou. A esquerda considerou, logo, que o PPD era um partido de direita disfarçado - que teve de adaptar o discurso, para se poder afirmar no pós 25 de Abril. Pacheco Pereira considera que essa narrativa não serve, apenas, à esquerda. Também dá jeito ao próprio PSD que, para não assumir que virou (ou foi virando) à direita, diz que sempre o foi, mas na altura não o podia assumir. São pessoas (defende) que usam a imagem de Sá Carneiro, sem lhe conhecer o pensamento. A exposição "Francisco Sá Carneiro e a Construção da Democracia" pode dar uma ajuda.
 
Para ver, na Câmara do Porto.
 
Para ouvir, aqui:
 

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/exposicao-sobre-sa-carneiro-inaugurada-no-porto_a1649753

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Dançar na corda bamba

por Miguel Bastos, em 23.04.25

 

DDD FESTIVAL DIAS DA DANÇA.jpg 

Estava a escrever esta peça, sobre o regresso do Festival Dias da Dança, e só me lembrava da canção "Dançar na corda bamba", dos Clã. O DDD vai dançar, uma vez mais, "na corda bamba" com temas como as migrações, o mundo do trabalho ou das questões de género. "Não é techno, não é samba".
 
Para ouvir, aqui: 
 
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/comeca-o-ddd-festival-dias-da-danca_a1649774
 
A canção pode ser ouvida, aqui:
 
https://www.youtube.com/watch?v=qwDdRL25-rc
 
 

 

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Num minuto

por Miguel Bastos, em 22.04.25

papa_francisco.jpg

Esta Páscoa, pouco depois de vermos o filme "Conclave" (oh, ironia!), falava de rádio com uma pessoa da família.
 
- Mas, quando é que escolhes os temas da Antena Aberta? - , perguntava-me ela.
- No próprio dia - , respondi-lhe.
- Mas não consegues preparar nada, no dia anterior?
- Às vezes, sim. Mas tenho, sempre, de estar preparado para deixar cair o que tinha pensado.
- Como assim?
- Eu posso ter uma ideia e, de repente, acontece uma coisa que me obriga a mudar o tema.
- De um dia para o outro?
- De um minuto para o outro.
 
Como ontem, infelizmente.

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Dia da Voz

por Miguel Bastos, em 16.04.25

green.jpg

Queridas avós,
Acho que perceberam mal. Hoje, não é Dia d' Avós. É Dia da Voz. Da Voz. Eu sei que soa à mesma coisa, mas são coisas diferentes.
Se calhar, devia ser Dia da Homofonia. Mas, também, não é. Felizmente. Porque, depois, tínhamos que levar com aqueles tipos que lutam contra a homofonia e os outros que lutam contra a "ideologia de género".
Enfim, queridas avós, não acreditem em tudo o que se houve. Aliás, que se ouve.

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Morreu Vargas Llosa

por Miguel Bastos, em 14.04.25

Vargas_Losa_Göteborg_Book_Fair_2011b.jpgRoger Casement partiu para o Congo Belga, cheio de sonhos. Só que - em vez do poder civilizador do rei Leopoldo II, que se vendia na imprensa internacional - deu de caras com a colonização mais selvagem de um país europeu, em África. Durante vários anos, Roger denunciou a política belga e mudou a opinião pública britânica e internacional. Ao regressar ao Reino Unido, foi armado cavaleiro. Mas, Roger era irlandês e começou a questionar se o império britânico não fazia com os irlandeses, como ele, o mesmo que o rei dos belgas fazia com os congoleses.

A questão colonial tornou-se uma questão identitária. Roger começou a estudar a história e a cultura da irlanda. Tentou aprender gaélico, mas nunca conseguiu dominar uma língua que devia ser a sua. O que o levou, também, a questionar que raio de irlandês era ele, que não conseguia falar a língua dos irlandeses e que sonhava em inglês - a língua do colonizador. E há, ainda, uma outra dimensão identitária que o aflige: a sua sexualidade - que vai transformar O sonho do celta, num pesadelo.

 
É um dos livro da minha vida. Lembrei-me dele, no dia em que o seu autor, Mario Vargas Llosa, se despediu da sua.

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Misturar as tribos

por Miguel Bastos, em 11.04.25

francois.jpg 

Chegou, com o bordão "A Casa de todas as músicas". E assim tem sido. Na véspera da inauguração oficial, houve Clã e Lou Reed. No dia da inauguração, ouviu-se Tchaikovsky, Richard Strauss e obras encomendadas a António Vitorino d'Almeida e António Pinho Vargas. O novo diretor artístico da Casa, François Bou, elogia a diversidade das propostas e dos públicos, mas quer misturar as tribos. A Casa da Música faz 20 anos.
 
Para ouvir, aqui:

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Casa da Música

por Miguel Bastos, em 10.04.25

csa musica.jpg 

Está a fazer 20 anos. Continua um OVNI.

 

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A Bíblia

por Miguel Bastos, em 09.04.25

biblia.jpg 

- O que é que estás a fazer, filho?
- Estou, aqui, a ler este dicionário.
- Isso é a Bíblia, totó!
- Ou isso.
- "Ou isso?!" Não é bem a mesma coisa.
- Eu não sei ler, pai. Para mim, é tudo a mesma coisa.

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A morrer

por Miguel Bastos, em 07.04.25

IMG_1749.jpeg  
"Desliga a música, esse cantor está a morrer!" A pequena Camila percebeu tudo, antes de nós. David Bowie tinha um novo disco: "Blackstar". Ouvimos (e vimos) os primeiros temas. Que arrepio! Bowie, o eterno experimentador, ensaiava a morte. Sabíamos que estava mal de saúde, mas Bowie nunca foi dado exercícios autobiográficos. Quando editou "Hours", refletiu sobre as consequências do envelhecimento, nomeadamente, nas relações amorosas. Perguntaram-lhe se falava de si próprio. Disse que não. Ele tinha casado, há pouco tempo. Fora pai, recentemente. Não, não era sobre ele. Era, apenas, sobre as pessoas da idade dele. Tinha-se inspirado nas pessoas que o rodeavam. Portanto, não, Camila: o cantor não está a morrer. O cantor teve um problema de saúde - grave, é certo - e, agora, está a falar sobre o assunto. Mas a Camila tinha razão. Soubemos, passados dois ou três dias, que a pequena Camila tinha razão. Bowie escreveu sobre a morte e morreu - como Mozart, no Requiem; como Tchaikovsky, na Sinfonia Patética. E, eu, depois de ter negado a morte iminente, recusei-me a ouvir Blackstar - o derradeiro disco do Bowie - durante quase 10 anos. Ando a ouvi-lo, agora. Nem tudo é morte. Tem negrume, é verdade, mas esse negrume sempre atravessou a sua obra. Gostava, até, de dizer que este disco é de uma enorme vitalidade, mas receio que vos soe a humor negro. "Blackstar" é um ótimo disco, talvez uma obra-prima. Eu sei que vocês sabem disso, há muito. Mas eu, medricas, só lá cheguei agora.

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