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Presidenciais de 91. Depois de ter vencido Freitas do Amaral, Mário Soares voltava a enfrentar um nome histórico do CDS. Nessa noite, Basílio Horta iria fazer um comício na minha terra. Eu e o Carlos passámos pela casa do Afonso. "O Afonso não está", diz-nos o irmão, a sorrir, "foi ver o primo Basílio". Os dois irmãos eram muito diferentes. O Renato vivia com o pai e era todo "Soares é fixe!". O Afonso vivia com a mãe e tinha sido todo "Prá frente, Portugal!". Já o Carlos, ao meu lado, era todo "Quero lá saber!". Disse o Carlos: "É um tipo fixe, o Renato. Só não percebi a do primo Basílio". Tentei explicar-lhe que Basílio era o candidato às eleições presidenciais, mas ele interrompeu logo: "Ah, então é isso. Eu não tenho pachorra nenhuma para política". "Nota-se", respondi. "Mas porque é que ele disse 'primo'? Eles são primos?". "Por causa do livro do Eça de Queiroz", respondo. "Ah, não tenho pachorra para ler". "Também se nota", respondo. "Ai sim?" (de repente, o Carlos mostrou-se zangado) "Por acaso está escrito na minha cara?!". "Não. Mas, se estivesse, também não ias ler, pois não"?