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Barbeiro de Sevilha. Rossini. Coliseu do Porto.
Para ouvir, aqui:
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/o-barbeiro-de-sevilha-sobe-ao-palco-no-coliseu-do-porto_a1602986
Nuno Pacheco assinala a coincidência, hoje, no Público,: "no mesmo ano em que Manuel Alegre escrevia esta sua trova ['Trova do vento que passa'], 1963, era editada do outro lado do Atlântico mais uma canção a falar do vento, 'Blowin' in the wind'".
A coincidência é destacada no livro "Canções da Liberdade, a Política Cantada em Portugal e no Mundo (1964-1974)". Nuno Pacheco evoca, depois, outros livros que abordam o tema da canção política: entre eles o recente (e excelente) 'A Revolução antes da Revolução', de Luís de Freitas Branco.
Outra coincidência: este texto está nas costa de outro, também no Público, 'À volta da aparelhagem', onde Miguel Esteves Cardoso reflete sobre a falta de discussão dos mais jovens, à volta do prazer de ouvir música e ver televisão, em conjunto, lamentando que já ninguém o faça.
Terceira coincidência: escrevo este texto, enquanto tento adivinhar o que Capicua estará a conversar, no estúdio que fica debaixo dos meus pés, com o autor de um disco que se chama, precisamente, 'Coincidências': Sérgio Godinho.
Coincidências. Que as há, há. Felizmente.
- Vamos acordar, filho?
- Estou acordado, pai.
- Então, porque é que não desligas o despertador?
- Estava a ver se ele desistia.
- Parece-me que não vais ter sorte.
- Pois, parece que não. Ainda dizes que eu é que sou teimoso!
O autarca parece que tem fogo no rabo, mas não tem. Tem fogo na cabeça (é impossível não ter). E tem fogo nos pés. Estão protegidos, por um par de botas robustas. Usa as botas, para apagar as brasas. Usa a cabeça, para apagar as chamas. Chama os bombeiros, ao telefone. Chama a atenção, aos transeuntes. Uns, passam demasiado depressa. Outros, passam demasiado devagar. Outros, já não passam. A estrada foi fechada. A estrada foi reaberta. A estrada voltou a fechar. Não há helicóptero. Já há, mas nunca mais chega. Já chegou, mas não pode atuar. Não pode atuar, por causa do capacete de fumo. Ponha o capacete, senhor António, por causa do fogo. Tire a mota, senhor António, por causa do fumo. O autarca parece cansado. Nega estar cansado. Não tem tempo para o cansaço. Mas tem os olhos vidrados. E tem fogo na cabeça. Vai ser difícil, o rescaldo. Por mais água que ponha na cabeça
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