por Miguel Bastos, em 24.04.24
As pessoas gostaram (mesmo!) das amêndoas de chocolate. "Que saudades!", disseram umas. "As melhores amêndoas de chocolate de sempre", disseram outras. "As saudades que eu já tinha destas amêndoas", disseram outras, ainda. As reações foram tão efusivas, que a marca das amêndoas se sentiu na obrigação de emitir um comunicado. Dizia qualquer coisa como "Agradecemos a reação dos nossos clientes, mas a verdade é que nunca tínhamos feito amêndoas de chocolate". É uma daquelas marcas que sofreu com a chegada do "progresso" e que, agora, beneficia (merecidamente) do mercado da "saudade". Lembrei-me desta história, porque, esta manhã, ouvi, na rádio, uma reportagem sobre o encerramento de mais uma loja histórica no centro da cidade. E depois, trocando de estação, ouvi um entrevistado a lamentar o fim do teatro radiofónico. "Mas ainda existe", diz-lhe o jornalista. "A sério?", espanta-se o entrevistado. "Sim". "Ah, não fazia ideia".
Andamos, todos, com tantas saudades, que temos saudades do que ainda existe e, até, do que nunca existiu.