Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Ontem, escrevi sobre a repetição do Dallas, na RTP. E, depois, dei por mim a pensar numa versão mais contemporânea desta série. Seria uma coisa à volta do abandono do petróleo e a opção pela economia verde. Por exemplo, a Ewing Oil passava a Ewing Wind. No primeiro episódio, podíamos ver os manos Bobby e JR numa luta, mano a mano, para verem quem conseguia ser mais competitivo a descarbonizar o planeta. Enquanto lutavam, o Cliff passava de bicicleta e punha-lhes a língua de fora. Na cena seguinte, percebíamos que tinha ganho uma concessão eólica "offshore", porque tinha obtido informação privilegiada de uma das amantes do JR. Por causa das amantes, o JR - que agora era vegan e deslocava-se de trotinete - continuava a ter uma pegada ecológica muito questionável, pelo consumo exagerado de produtos de latex descartáveis. A Sue Ellen também, porque, entretanto, para largar a bebida, tinha começado a consumir abacate como se não houvesse amanhã, com consequências devastadoras para o ecossistema algarvio. A Pamela mudava de penteado, para deixar de usar produtos com CFC, que dão cabo do ambiente, e, assim como assim, precisava de ter um estilo mais prático que combinasse melhor com a paixão pelo "plogging". Isto depois continuava, claro. Para já, é só uma ideia. Mas, já tenho um nome para a série. Vai-se chamar "Comprallas". Porque isto é gente muito ecológica e tal, mas não dá nada a ninguém.
O Dallas está a dar, de novo, na RTP. Eu gostaria muito de voltar a ver, mas aquilo faz-me mal aos nervos. Portanto, vou precisar da vossa ajuda. Alguém pode avisar a Miss Ellie que o JR é mau como as cobras, por favor? Com jeitinho, que é para a senhora não ter um chilique. Ainda me desata a beber, ou assim ... e para bêbada já nos basta a Sue Ellen. Obrigado.
Ó Molière, não me leves a mal, mas tens de ter mais cuidado.
Às vezes, acho que fazes tudo às três pancadas
Tirámos esta fotografia, há quatro anos. O gang do Portugal em Direto, da Antena 1, juntou-se para um almoço. Gostaria de dizer que foi um almoço frugal, com uma agenda de trabalho extensa e extenuante. Mas não foi. Foi uma festa. Fomos (muito bem) recebidos pelos camaradas de Coimbra. Não estão todos na fotografia, porque nunca estamos todos. Trabalhamos numa fábrica em laboração continua - e há sempre gente que está de serviço. Mesmo assim, juntámo-nos quase todos. Lembrei-me, várias vezes, desta fotografia - ao passar, diariamente, à porta deste local onde leitoámos (esta conjugação verbal não devia ser neologismo) com alegria. Esta é, também, uma forma de mandar um abraço especial a todos os que me receberam, em Coimbra - que eu não concebo a rádio (e a vida, em geral) sem afetos. Obrigado.
Sim, este livro tem sexo, drogas e rock and roll. Tem muito de tudo isso. Mas não foi isso, que mais me marcou. Foram outras coisas, como o desejo de ser artista (sem saber, ainda, de que arte) e a ternura entre os dois aspirantes a artista. Este livro é (mesmo!) sobre dois miúdos: os seus gostos, desejos, aspirações, sonhos. E é, sobretudo, sobre a relação entre os dois. Por isso, o maior êxito na carreira de Patti Smith (a canção "Because the night", escrita em parceria com Bruce Springsteen) é despachado em duas linhas. Já uma simples prenda de Robert para Patti pode espreguiçar-se por várias páginas, com descrições pormenorizadas sobre uma camisa em segunda mão, comprada por tuta e meia, numa loja manhosa, mas embrulhada num papel especial e amarrada com uma fita de um tecido raro. Esta ternura é uma espécie de flor, a romper na dureza da selva urbana. "Apenas miúdos" tem a beleza e a dureza das coisas nuas e cruas.
Foi há muitos anos, mas podia ter sido hoje. Dezenas de emigrantes e descendentes de emigrantes portugueses desfilavam, pelas ruas de Paris, contra a imigração - numa manifestação convocada pela Frente Nacional. Foram interpelados pelos jornalistas: "Não acha estranho, ser emigrante e estar numa manifestação contra a imigração?" "Não", respondiam. E, depois, as justificações atenuantes: "O Le Pen gosta dos portugueses"; "Não é contra os imigrantes"; "Só é contra os que não querem trabalhar"; "Os que nos vêm tirar os empregos"; "os magrebes e os pretos, que vêm para cá". Estes portugueses - tão seguros da sua capacidade de trabalho, da sua condição europeia, da "pureza" da sua pele - ignoram, talvez, que muitos franceses não os consideram brancos. Estes portugueses são incapazes de se colocarem no lugar do outro, mas, também de se aperceberem do seu próprio lugar. Será sempre mais fácil votar contra os "pretos", se não pensarmos que os "pretos" podemos ser nós.
- Como é que é, Leonardo, vamos trabalhar?
- Vamos lá!
- Como é que fazemos com a condução?
- O costume.
- Ok, eu conduzo o carro.
- E eu conduzo o Tchaikovsky.
A minha rádio anda a passar canções da Kim Wilde. Que maravilha. A Kim é uma velha paixão, de quando eu era novo, muito novo. Era gira, loira, fresca, jovem, moderna, elegante, sensual. Adorei a energia de “Kids In America”. Parecia ser feita para miúdos como eu, apesar de eu não ser americano (com muita pena minha). Mas, gostei (ainda) mais de “Cambodia”: uma canção mais moderna e muito mais exótica. O vídeo (o "teledisco", como então se dizia) expandia o exotismo da canção (como os Duran Duran, nos vídeos de "Rio") e Kim estava (ainda) mais gira. Eu tinha uma paixão pela Kim Wild e tinha um plano (infalível) para a conquistar. Sim, eu era uma criança. Mas iria crescer e ser giro como o John Taylor dos Duran Duran. Infalível.
E, agora, a parte inesperada: eu e a Kim não chegámos casar. Eu sei, é difícil acreditar. Eu, próprio, não consigo encontrar uma explicação.