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Churros. No fundo, o que são churros? São farturas, armadas ao fino. Pior, são farturas que não querem trabalhar. Churros!
Esta manhã, fez uma chamada para a corresponde em Londres.
A seguir, passou este "London Calling".
Só para chamar a atenção. Está toda gaiteira, a minha rádio.
Bom dia, para todos. Todos, todos. Mesmo para aqueles que dizem "Nánadia".
Viva! Sei que não tenho aparecido muito, por aqui. A verdade é que não tenho andado bem da marmita.
Quando fez 60 anos, a norte, a minha RTP escreveu o nome dos seus trabalhadores na parede. O meu nome está lá. E não está só, está bem acompanhado. Tenho orgulho de ter o meu nome escrito naquela parede, no local onde trabalhei quase 8 anos. Vou continuar a trabalhar na Rádio e Televisão de Portugal, apenas mais longe desta parede. Portanto, não há motivo para dramas. Eu é que sou um lamechas, agarrado às pessoas e aos locais onde habito. Onde tenho habitado. Trabalhado. Se pensar bem, a minha casa continua a ser a mesma - a Rádio Pública - só mudo de turma. Já nos encontramos, no recreio. Até já.
No fundo, o que são indivíduos?
São pessoas, como nós.
Só que usam o casaco pelas costas.
Sempre gostei da forma como os músicos brasileiros partilham canções, entre si. Cruzam géneros, épocas, estilos, gerações: nos discos, no palco e na plateia. Acredito que é desta forma que se cria um repertório comum. Tinha, portanto, inveja dos brasileiros. "Inveja da boa", como agora se diz. Em Portugal, durante muitos anos, os músicos e os públicos viveram de costas voltadas: os da clássica não se cruzavam com os da música popular, os baladeiros afastavam-se dos nacional-cançonetistas; os do rock desprezavam o fado. Claro que havia exceções, mas esse era o paradigma. Um paradigma que foi mudando, ao longo dos anos. Maravilhosa, A garota não tem-nos dado momentos de partilha de um repertório comum, que tanto pode passar pela MPB, como pelo hip-hop; por Portugal ou pelo Brasil; por canções de ontem e por canções de hoje. Aqui, uma vez mais, fá-lo de forma exemplar. Ainda por cima, na companhia de um artista brasileiro. É A garota, sim.
"Por uma arrepiante coincidência", sublinha Isabel Allende, "os aviões sequestrados nos Estados Unidos despedaçaram-se contra os seus objectivos numa terça-feira, 11 de Setembro, exatamente o mesmo dia da semana e do mês - e quase à mesma hora da manhã - em que ocorreu o golpe militar do Chile, em 1973. Este último foi um acto terrorista orquestrado pela CIA contra uma democracia. As imagens dos edifícios a arder, do fumo, as chamas e o pânico, são semelhantes em ambos os cenários."
"Isto é muito estranho", disse a convidada, "porque eu estou a falar com o João Gobern, mas ele não está aqui". "Estou, estou", disse o João, "garanto-lhe que estou". "Eu vou explicar aos ouvintes", continuou a convidada, "eu estou no estúdio, em Lisboa, com a Margarida à minha frente, mas o João está no Porto. E eu tenho de ter uns auscultadores, na cabeça, para o ouvir. Isto é surreal!". "Não é nada surreal", pensei, "é rádio". A rádio convive, desde sempre, com vozes à distância. A pandemia trouxe a democratização/banalização (riscar o que não interessa) das vozes à distância. Mas elas fazem parte da história e da paisagem sonora da rádio. E, no caso português, da prática diária das rádios do serviço público. Esta semana, tenho "contracenado" com o André Santos, na Antena 3. Hoje, juntámo-nos, pela primeira vez, em estúdio. Aliás, nunca tínhamos estado juntos, fisicamente, no mesmo espaço. É "surreal"?! Não, não: é rádio.
- Comprei-te um livro.
- Ai, sim?!
- É do Paul Auster. Achei que estavas a precisar de ler ficção.
- Obrigado. Ele tem sempre uns livros pequenos, mas muito bons.
- Bom, não sei, mas pequeno não é de certeza.