Era uma vez um filme. Nesse filme, havia um menino que gostava de fazer filmes. Fazia filmes, para lidar com a realidade. Fazia filmes, para fugir da realidade. Fazia filmes, para aumentar, diminuir, distorcer a realidade - de acordo com o seu desejo. Esse filme, sobre o menino que fazia filmes, é de Steven Spielberg. E toda a gente percebe que aquele menino é ele próprio, dentro de um filme. É ele, próprio, menino: a sonhar cinema, a pensar cinema, a fazer cinema. É o cinema entre a razão e o coração, entre a arte e a técnica, entre a memória e a criação.
Ontem, o filme passou despercebido nos Óscares. Como não sou cinéfilo, nem costumo seguir a cerimónia dos Óscares, não entro na discussão sobre qual era o melhor filme e se houve, ou não, justiça nos prémios atribuídos. Só sei que "The Fabelmans" é um filme muito bonito e não devia passar despercebido. Um filme que ajuda a perceber o Spielberg criador - o seu cinema, mas, também, o cinema em si.