Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Portugal. Não tive tempo para lamentar o afastamento da seleção. As responsabilidades do pai, sobrepuseram-se aos desejos do adepto. Não vi o jogo. Ouvi-o, em intermitência, até à morte. O mais velho gemia e suspirava no banco de trás. Percebi que tudo estava perdido, quando juntou as mãos em sinal de oração. Quando nos resta a vontade divina, para resolver um jogo pagão, estamos perdidos. Perdemos. Entrámos, cabisbaixos, na casa de Deus. Que diferença! "A igreja estava toda iluminada", como na canção, com dezenas de crianças e jovens à nossa espera. Tinham um concerto de Natal para nos oferecer. Muitos deles, gostariam de ter estado a ver o jogo. Mas não viram, por nossa causa. Enquanto a comunicação social debatia os méritos e deméritos da seleção, os meninos cantavam canções de Natal. Enquanto as redes sociais se incendiavam, com acusações ao selecionador e aos jogadores, o acordeonista bailava Piazzolla e um quarteto de cordas seguia o ritmo do tango. Enquanto Portugal se vestia de luto, as flautistas - andorinhas penduradas no coro alto - faziam esvoaçar melodias barrocas. Portugal perdeu na mesma. Eu também. Mas não perdi tudo, longe disso. Muito longe disso.