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"No outro dia, estive na estalagem." A tia arqueou as sobrancelhas. "Na estalagem, onde trabalhou." Acenou com cabeça. "É muito bonita. A entrada, com aqueles azulejos, pequeninos, pintados à mão." Sorriu. "A salinha do café, com aquelas cadeiras de pele, baixinhas." Sorriu, de novo. "Não cheguei a ir à sala de jantar." Silêncio. "É bonita?" Encolheu os ombros. "A sala de jantar", insisti. "Nunca lá entrei", respondeu. "A sério? Trabalhou lá tantos anos!" "O pessoal da cozinha", disse, num fio de voz "não podia ir à sala." "Nem quando estava vazia?" Abanou a cabeça. Não. A nenhuma sala. Era, assim, o Portugal dos pequeninos. Dos pobrezinhos, do respeitinho. Gostava de ter ido à estalagem, com a tia. Não fui. Fecharam, as duas, há vários anos.