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Jarvis Cocker, a voz dos Pulp, tem ouvido de tísico e "olho de Balzac". No seu disco mais recente, "Chansons d'Ennui", o personagem transgressor da britpop assume o papel de uma estrela pop francesa. Em "Paroles, paroles", Cocker faz de Alain Delon, a contracenar com Dalida (papel desempenhado, aqui, por Lætitia Sadier). É a canção em que um Delon, sedutor, diz coisas como "Tu és o ontem e o amanhã" ou "Tu és como o vento que faz cantar os violinos e espalha o perfume das rosas" e Dalida reponde "Caramelos, bombons e chocolates" ; "Podes dá-los, a outras que amem o vento e as rosas". Ele insiste: "Não percebo". Ela explica, no refrão: "Palavras, palavras, palavras" ; "Palavras que semeias ao vento".
Dalida resiste, portanto, à canção do bandido. Lætitia também. Eu não. E Jarvis Cocker é um ótimo bandido.