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O destino é dado a ironias. Esta tarde, apanhou-me num banco de jardim, a ler umas coisa sobre o pântano. Lembram-se do pântano? Foi quando Guterres saiu do governo e Portugal entrou numa fase gloriosa da sua história: um governo de Durão Barroso; uma cimeira com o "George" nas Lajes; uma ida para o Iraque; outra para Bruxelas; um governo de Santana; outro de Sócrates; outro, ainda, mais do mesmo - mas (ainda) mais arrogante; o regresso de Cavaco; uma troika; um governo para além da troika. Ai, saudades do futuro! Esta tarde - dizia eu - estava a ler umas coisas sobre o pântano e o telemóvel alerta-me para a conferência de imprensa do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, para reagir ao chumbo anunciado do Orçamento, depois das tomadas de posição do Bloco e do PCP.
E estou eu a olhar para o telemóvel, quando passa por mim um grupo de jovens ativistas, vestidos de preto da cabeça aos pés. Os tempos estão difíceis e os jovens são o futuro. Ah, os jovens! Gritam, a plenos pulmões, palavras de ordem que não consigo decifrar. Seguem-se outros jovens que, primeiro, dançam a Macarena, e, depois, colocam-se de gatas, porque os tempos são de solidariedade e integração. "O país está de tanga", dizia Durão. Agora está de gatas, mas de máscara. A integração segue as normas da DGS, indiferente ao Orçamento. Os jovens são o futuro, negro. Vai ficar tudo bem. E vamos sair mais fortes. Para onde? Não se sabe, talvez em direção ao pântano. Ai, saudade!
Ah, mas são Verdis! Hoje, é Dia Mundial da Ópera.