por Miguel Bastos, em 23.07.21

- Eh César, pá, estou espantado com a tua terra!
- É uma terra boa, não é?
- Boa, pá, muito boa. Olha esta tão boa!
- Estás a falar de quê?
- Das gajas, César, das gajas. Boas, pá! Olha outra, tão boa!
- Não achas que já tens idade para ter juízo?
- Tenho, pá, mas aqui é difícil. Olha aquela, a descer as escadas: boa!
- Qual?
- A de verde, pá, conheces?
- Conheço. É a minha mulher.
O Tavares começa a tossir, para ganhar tempo.
- Eu vi logo, César. Isto não basta ser. É preciso parecer. A tua mulher, César, distingue-se das outras.
- A sério?
- A sério. É bonita, mas tem uma classe que as outras gajas não têm.