Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O som inicial dos trompetes anuncia uma jornada épica. Escolho os legumes e as facas e coloco a tábua de cortar na bancada. Descasco e corto nabos e chuchus, alhos e aipo. No final do primeiro andamento, a água com sal já ferve com os legumes. Lavo, escolho e escorro os espinafres. Sinto o drama a crescer. Pico alhos, coloco-os em lume brando com azeite, escorro o atum e junto-o aos alhos. Escolho tomates maduros e corto-os em cubos pequenos, enquanto cresce a tensão entre as cordas e os sopros. Os tomates caem no tacho em conjunto com as azeitonas e as alcaparras. No terceiro andamento, danço, com copos, pratos e talheres, digo a “vida é linda”, mas dói-me a alma por ter que abafar as cordas com o som da varinha mágica. Coloco a rúcula e os agriões na saladeira, vêm-me as lágrimas aos olhos: não sei se é do “Adagietto” se é da cebola. Preparo o “Finale”, ponho a mesa e sirvo a sopa. A cavalaria chega a passos largos. Fim. Estou exausto. Ponho um disco dos Duran Duran, para descomprimir. Cá em casa, acham que eu vou de Mahler a pior.