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Mau aluno, calão, repetente, o Toni era dado a extremos: ora subia a estados de euforia, ora caía em profunda tristeza e depressão, a que se seguiam, muitas vezes, comportamentos agressivos. Toda a gente mantinha com ele uma relação de cordial distanciamento. Normalmente, o Toni sossegava a desenhar. E que bem que ele desenhava! Mas, normalmente, eram coisa estranhas, sinistras e assustadoras: velhos doentes, com olheiras; seres imaginários; gente sem cabeça ou sem membros; formas geométricas que se entrelaçavam com motivos naturalistas; tudo, aparentemente, sem sentido. Muitas vezes, no caminho da escola para o bairro social onde morava, o Toni entrava numa galeria de arte. Por vezes, arrastava-me com ele. E foi, assim, que eu conheci Cruzeiro Seixas, que tinha desenhos tão estranhos como os do Toni. Cruzeiro Seixas morreu, aos 99 anos. O Toni deve andar por aí. Obrigado a ambos.
Com a derrota nas eleições, toda a gente fala mal dos trompistas. Não concordo. São gente boa. Merecem ser ouvidos.