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A verdade é que, apesar da minha idade, sinto que sou um "millennial". Vivo o dia-a-dia, despojado de grandes bens imóveis. Sei que tudo é movimento, tudo é viagem, tudo é precário, tudo é efémero. Troco a propriedade, pelo usufruto. Mas, claro, adoro tecnologias. E não vivo sem rede.
Um tango argentino, de Piazzolla; na voz de uma jamaicana, modelo em Paris e cantora em Nova Iorque. Diz que são precisos dois, para dançar Libertango.
Em 2016, Donald Trump pagou 645 euros de impostos, revela o New York Times. Nessa altura, Trump era, apenas, um empresário de sucesso. 645 euros. Um ordenado mínimo nacional, em Portugal. Não admira que, com as dificuldades, se tenha candidatado a presidente. Isto só lá vai, quando se valorizar o trabalho e os trabalhadores.
"Já leste o meu livro dos Maias?", perguntou-me a Dona Tininha. "Ainda vou a meio, está a fazer-lhe falta"? "Não", respondeu-me, "mas gosto de o ver no móvel ao pé da televisão". A Dona Tininha tinha razão: ficava mesmo bem. A fazer conjunto com um outro, em tons de verde. Um verde floresta escuro, que contrastava com o bordô dos Maias. A uni-los, além da proximidade física, o dourado das letras e de umas riscas que separavam o nome do livro e do autor. O verde (não tenha a certeza) seria, talvez, "Uma família inglesa" de Júlio Dinis. Mas posso estar engando. Associo aquele verde a coisa inglesas: carros, sofás, uniformes dos colégios internos. Na volta, até era um "Amor de perdição", de Camilo. Mas esse, imagino sempre que deve ser vermelho. O móvel da Dona Tininha era de verga e tinha três prateleiras: na primeira, revistas da Crónica Feminina; na segunda, uma bonita lata de chá; na terceira, uma vasta biblioteca de dois livros, bonitos e preciosos. Despachei-me a ler o Eça. Sentia-me culpado, por fazer da casa da Dona Tininha um sítio menos belo do que o habitual.
Lembram-se quando "deixar cair a máscara" era, apenas, uma expressão idiomática? Ai, que saudades...
"Essa já foi fora do tempo", diz Jerónimo de Sousa, a sorrir. O secretário-geral acusa o toque, mas dá a vantagem ao infrator. Faz parte do jogo. A editora de política da Antena 1, Natália Carvalho, tinha acabado de fechar a entrevista com um "Obrigado pela entrevista que, espero, não seja a última como secretário-geral do PCP". Jerónimo sorriu. Antes, tinha respondido à pergunta "Onde é que vai estar nos dias 3, 4 e 5 de Setembro de 2021?" com um "Espero que na Festa do Avante". "No palco, a discursar?", insistiu a jornalista, "Veremos quem será o secretário-geral". Jerónimo de Sousa acha que o atual Presidente da República quer impor um bloco central e admite votar contra o próximo Orçamento do Estado. Assume convicções firmes e posições que poderão ser contestáveis. Mas fá-lo sem gritar, com respeito pelos adversários. E sorri, quando podia fazer fita e atirar-se para o chão.
A música orquestral deve ser interpretada, em palco, por pessoas de meia idade, para uma plateia de gente culta, em países envelhecidos e ricos. Dificilmente, rapazes e raparigas jovens terão lugar numa orquestra como deve ser. Sobretudo, se forem pobres e latinos. Essa gente veste fato de treino, e é boa para bater palmas e tocar batuques, mas não para tocar numa orquestra. Por favor, não vejam isto até ao fim. Ainda vos dá vontade de dançar e, depois, lá fica o "comsommé" entornado.
Luís Filipe Vieira está preocupado: com o sistema de justiça; com o funcionamento dos media; com a opinião pública; com a qualidade da democracia; com o emergência do populismo e da demagogia; com os princípios do Estado de Direito; com as conquistas de Abril. Luís Filipe Vieira é candidato à presidência. Do Benfica.
[Foto: Rodrigo Antunes - Lusa]
Procurei a definição de "fazer figura de urso". A Infopédia explica que é "comportar-se de forma ridícula, ser alvo de troça". Procurei, também, "fazer figura de Ursula", mas não encontrei definição. Acho que é o contrário da primeira. Não sei se vai chegar aos dicionários, mas, depois do discurso de hoje, espero que chegue aos livros de história.
[Foto: Reuters/Y. Herman]