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Deus não dorme

por Miguel Bastos, em 21.10.18

cruz deus manha.jpg

 

Deus não dorme. O homem sim. E ao domingo - dia que o homem dedica a Deus - o homem dorme um pouco mais. E, depois, chega tarde à casa do Senhor. E, como não quer fazer esperar quem não dorme, o homem deixa o carro onde calha: em cima do passeio, da passadeira, na rotunda, na paragem do autocarro, no lugar para pessoas com deficiência.
 
E, enquanto o homem ouve a palavra de Deus: o casal de idade desce para a estrada; a criança atravessa fora da passadeira; o trânsito acumula-se na rotunda; a senhora esbraceja para o autocarro; o condutor com deficiência telefona à polícia.
 
Depois, o homem - filho de Deus - sai para a rua, com a sensação dominical de dever cumprido. Sonha com um mundo melhor. Talvez um dia acorde mais cedo. Não será tarde de mais.

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Do Minho a Timor

por Miguel Bastos, em 19.10.18

dicionario.jpg

Portugal "é uma "nação independente há quáse [isso mesmo, com acento] oito séculos. Mesmo durante a dominação filipina não perdeu a independência. Apenas a autonomia, o que é coisa diversa". 
Hoje, dei de caras com um Dicionário Corográfico de Portugal, de 1952. Foi lá para os lados da minha rádio. É uma alegria trabalhar na Emissora Nacional.

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Açucares

por Miguel Bastos, em 11.10.18

still loving you.jpg

Para celebrar o Dia da Obesidade fui à minha pastelaria favorita. A maior concentração de açúcar não veio, no entanto, da vitrina. Veio das colunas de som. Ele era o Peter Cetera a cantar o "Karate Kid", a Celine Dion a cantar o "Titanic", os Berlin a cantar o "Top Gun". Saí de lá mais gordo. Mas, não me venham dizer que a culpa foi do éclair de chantili. Para mim, foi do "Still loving you"...

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Toni Taveira

por Miguel Bastos, em 10.10.18

taveira i.png

Depois das televisões, a imprensa portuguesa quer-se afirmar no mercado das séries. Já saíram dois episódios no "i". O terceiro episódio sai no sábado, no Sol. Aparentemente, é uma entrevista em fascículos. Só que o personagem principal torna aquilo numa novela. Chama-se Tomás. Mas Tomás é nome de beto. Chamemos-lhe Toni. Mantém a aliteração do "T" e adapta-se o nome ao discurso do personagem. Ele diz coisas como "sei mais do que estes gajos todos juntos" ou "se o estádio do Braga é bonito, a Madre Teresa de Calcutá é a miss mundo". Não se sabe se estas afirmações foram feitas com um palito nos dentes. Mas, no caso de se avançar para a novela, aconselha-se o adereço.

 

Toni é uma mistura de arquiteto, com gajo de alfama e capitão de Abril. Gosta de dizer "gajo" e "malta". Faz preceder qualquer nome pelo artigo definido: "o Costa", "o Salazar", "o Sócrates", "o Siza". Por exemplo: "o Siza só ganhou o Pritzker porque é judeu" ou, ainda, "o Souto Moura nem sequer é arquiteto". O Toni é um ponto. O estádio do Dragão só é bom porque o Toni pôs um holandês a trabalhar com o Manuel Salgado. O estádio da Luz só é bom porque foi feito sobre um projeto do Toni.

 

Achei o segundo episódio mais fraquinho. Mas o terceiro deve ser muito bom: com "gajas boas" e tudo, como nas novelas. Aguarda-se, portanto, o terceiro episódio do homem que fez "o último ícone de Lisboa". Por mim, já escolhi a música do genérico. É do Tony, este com "Y": "Depois de ti mais nada".    

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Costaguana

por Miguel Bastos, em 08.10.18

conrad.jpg

É um país da América Latina. Ora dominado pelo capital dos estrangeiros, que se instalam no país para trabalhar e enriquecer. Ora dominado pelos movimentos de libertação nacional, que se revoltam contra a miséria do povo e tomam o poder. Uns contra os outros, uns atrás dos outros. Nem uns, nem outros, hesitam em recorrer à violência, para impor o seu domínio numa sucessão de ditaduras. Nem uns, nem outros, hesitam em agitar a defesa do bem comum, em benefício próprio.

 

Joseph Conrad, um polaco que se aventurou nos mares para descobrir o mundo inteiro, transformou-se num escritor britânico lido no mundo inteiro. Escritor brilhante, observador atento, pessimista e provocador. Em “Nostromo”, Conrad inventou um país chamado Costaguana. Mas é evidente que este país é baseado numa história verídica. Uma história que se repete: no mesmo país, noutros países semelhantes. Uma história que se repete, até aos dias de hoje. Como prova o dia de hoje.

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Encenar Tancos

por Miguel Bastos, em 01.10.18

la feria.jpeg

A descoberta das armas de Tancos foi uma encenação, confirmou o diretor da Polícia Judiciária Militar. Convenhamos, a coisa cheirava a ópera bufa. Mas, encenação por encenação, venha o La Féria. Tem mais luz, mais cor, mais movimento. Tem lantejoulas e purpurinas. Tem classe. Encenar é uma arte para profissionais.

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