por Miguel Bastos, em 26.03.18
Este não é um texto sobre gastronomia. É, apenas, um trocadilho básico, para falar de Ana Bacalhau. A própria encomendou uma letra a Capicua, para brincar com o seu nome, numa canção que funde hip-hop com música tradicional portuguesa. De resto, o seu primeiro disco a solo “Em nome próprio” está cheio de misturas: de estilos e de autores, novos e talentosos.
Faltava a prova ao vivo. Tive-a neste fim-de-semana. A cantora voltou a misturar. Desta vez, as canções do seu disco, com clássicos de Fausto, Trovante, Carlos do Carmo (Ary dos Santos / Paulo de Carvalho) e António Variações. Mas separou as águas, ao evitar canções da Deolinda. E agitou as águas, para não ficar em águas de bacalhau. Não gostei de tudo, mas apreciei-lhe a vontade de arriscar.
Ana Bacalhau é um exemplo do bom momento da música portuguesa. Um dos melhores períodos, de sempre. Que celebra o novo, apoiada num lastro que, durante muito tempo, foi ignorado. Porque todos queriam parecer modernos.
Mas, ser moderno não é comer fast food, como todos. Ser moderno, é gostar de Bacalhau, com todos.