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No ano passado, Mario Vargas Llosa foi notícia por se ter envolvido numa relação extra conjugal, com Isabel Preysler. Isabel é uma senhora que aparece nas revistas sociais. Foi casada com Julio Iglesias. É mãe de Enrique. É gira. Mario é um escritor, premiado com o Nobel. Foi candidato à presidência do Perú, mas perdeu para Alberto Fujimori, que transformou o regime numa ditadura. Mario tinha um casamento com 50 anos, que acabou depois do romance com Isabel ter saído na capa de uma revista. Mario estava habituado a ser capa das revistas: mas eram literárias ou de referência, não eram cor-de-rosa.
O novo romance de Vargas Llosa, Cinco Esquinas, mistura as coisas do primeiro parágrafo: sexo, revistas de escândalos, dinheiro, política, Perú, Fujimori. Imediatamente, a leitura torna-se apaixonada e compulsiva. Passamos, rapidamente, do lixo ao luxo; dos jogos eróticos aos jogos de poder; da penthouse ao bairro da lata. A escrita virtuosa de Vargas Llosa trespassa pelo novo livro do mestre. A dada altura, o escritor opta por uma espécie de polifonia. A cada parágrafo muda o protagonista, o discurso, a linguagem. Aumentando, ainda mais, o ritmo da história. Mas, no final, sabe a pouco. Porque será? Será demasiado parecido com a realidade?
Está toda a agente a preparar-se para as terceiras eleições, consecutivas, em Espanha. Foi neste país que se inventou o concurso “1, 2, 3” que colava Portugal à televisão. Todos queriam saber se saía a casa, o carro ou uma coisa nenhuma, ao casal que tentava descobrir os enigmas lidos por Carlos Cruz.
Recorde-se o “1, 2, 3”. O concurso tinha três partes. Na primeira, uma prova de cultura geral. Na segunda, uma prova de habilidade. Na terceira, havia uns objetos e uns enigmas que os concorrentes iam eliminando, até chegarem à última escolha. A terceira parte sempre me pareceu uma cachada. Basicamente, Carlos Cruz arrastava o programa, ajudando ou baralhando os concorrentes, que, depois de muito pensar, escolhiam à sorte. Às vezes tinham sorte, outras vezes tinham azar. Depois de dois processos eleitorais, os espanhóis vão votar outra vez? Ou vão deixar de votar, e passam a escolher à sorte?
A medida presta-se à caricatura. As casas que apanham mais sol vão pagar mais IMI?! Sim, mas a medida não é nova. Foi introduzida no governo anterior. Este governo apenas alterou o peso de cada fator, no apuramento do IMI. E esta alteração veio, agora, chamar a atenção para os critérios absurdos usados. Faz sentido? Não, nada disto faz sentido.
Quando se decide que uma casa deve pagar mais, porque tem melhor exposição solar, está-se a dizer aos cidadãos para comprarem uma casa com muita sombra e humidade. Ignoram-se os custos energéticos e as condições de salubridade. Quando se penaliza alguém que mora ao pé de uma escola ou de um hospital, está-se a dizer para comprar uma casa nos subúrbios. Esquecendo o Estado que, depois, vai ter que construir a estrada de acesso e pagar os transportes, ou, até, o novo hospital. E entretanto, os centros das cidades vão-se esvaziando. Nada que um programa Pólis não resolva mais tarde. Gastando, uma vez mais, os recursos do Estado. Claro que, enquanto uns olharam para o copo meio vazio, outros olharam para o copo meio cheio. Algumas manchetes destacaram que as casas com vista para os cemitérios, ou para estações de tratamento, que vão pagar menos. É a compensação para os que pagam mais por terem vista para o mar, por exemplo.
Um lugar ao sol, não pode ser uma coisa má. Mas, parece que muita gente andou a apanhar demasiado sol na moleirinha.