por Miguel Bastos, em 22.06.16
Cameron vai ficar na história. Mas não será por boas razões. A sua estratégia para desafiar a Europa e afirmar o poder do Reino Unido era um jogo perigoso. O resultado está à vista: saem todos a perder. Pior era difícil.
Para combater o crescimento da direita nacionalista no Reino Unido, Cameron resolveu fazer um jogo perigoso. Andou a bater o pé à Europa. Denegriu as instituições europeias. Negociou e conseguiu alargar o estatuto de excepção do Reino Unidos, no seio da Europa. Depois, submeteu a permanência do Reino Unido a um referendo. Agora, faz campanha a favor da permanência, sem que ninguém perceba porquê.
Com tudo isto, dividiu o Reino Unido entre simpatizantes da saída e da permanência. Fez crescer o nacionalismo, o populismo, a xenófobia, o anti-europeísmo. Dividiu o seu próprio partido. Tem as empresas multinacionais a ameaçarem sair do Reino Unido, tem a Escócia a ameaçar sair do Reino Unido e a juntar-se ao resto da Europa. Depois do referendo, e independentemente do resultado, vai ter que enfrentar a desconfiança e a má vontade do resto da Europa.
O que ganhou Cameron com tudo isto? Um lugar na história. Daqueles que ninguém quer…