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Corta Rentes

por Miguel Bastos, em 26.05.16

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Gosto de livros avassaladores. Daqueles que geram leituras compulsivas. “Portugal, a Flor e a Foice” é um desses livros. Na ressaca do 25 de Abril (e a talhe de foice) Rentes de Carvalho faz uma radiografia de Portugal e dos Portugueses. E corta rente nas história e nos mitos que nos têm vendido, ao longo dos séculos. Só no primeiro capítulo (pouco mais de 20 páginas), Rentes corta Portugal, de alto a baixo. Aqui vai…

 

D. Afonso Henriques era ambiciosos e falso; D. Pedro, um sádico; Vasco da Gama um saqueador, D. Manuel, um novo rico, assassino de judeus; D. Sebastião, um fanfarrão; D. João IV, um fracote. E se os reis não foram coisa, a República não trouxe melhorias. Os primeiro homens da República eram ineptos. Já Salazar, consegue impor a sua vontade. Aos que o apoiam, deixa roubar. Aos que discordam, manda matar. Tudo, com a benção da igreja.

 

O povo também não sai bem na fotografia. Acolhe Filipe de Espanha, com a mesma alegria que irá acolher a ditadura de Salazar. Esbanja o ouro do Brasil, como ,mais tarde, irá esbanjar o volfrâmio. Louva Salazar; tolera Salazar; finge que combate Salazar. Parte, aos milhões, deixando o país vazio.

 

O mais surpreendente é que o texto foi escrito em 1975. Numa altura em Portugal ainda irradiava amanhãs que cantam. Há uma coisa em que os portugueses são bons. No pessimismo.

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Digital em papel

por Miguel Bastos, em 24.05.16

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“Já nas bancas”, anuncia um papel à porta da papelaria. Tinha “Observador” escrito no cabeçalho, com lettering e logotipo a condizer. Pensei que fosse publicidade. Um encarte do jornal numa outra publicação. Mas não, vi, depois, que era mesmo o Observador, a assinalar “O melhor dos nosso dois anos”. “Porque é que um jornal digital, publica uma edição em papel?”, perguntei-me, enquanto pegava (e pagava) o jornal.

 

O Observador é diferente dos outros jornais, porque já nasceu digital, assinala o diretor, Miguel Pinheiro, no seu editorial impresso. Confirma João Miguel Tavares (JMT), coordenador da edição impressa, que escreveu sobre a publicação, em papel, na edição digital. Um paradoxo? Talvez.

 

Para que fique claro: jornalismo é jornalismo. Dizer que a internet mata o jornalismo não faz sentido. Mas, é claro que a maior parte dos jornais ainda não se encontrou um bom modelo para financiar o seu jornalismo e é claro que o formato importa. Por isso, é que existem vários media: rádio, televisão, jornais, multimedia. Eu, por exemplo, gostei muito mais de ler o artigo da Maria João Avillez (sobre Marcelo Rebelo de Sousa) em papel, do que em digital. Tenho dificuldade de ler textos longos, em ecrãs. Normalmente, passo à frente. Gostava, por exemplo, que o Observador editasse, regularmente, os seus ensaios em papel. Poderá ser outro caminho para explorar no jornalismo.

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Quem vê TV

por Miguel Bastos, em 16.05.16

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“Quem vê TV, sofre mais que no WC”. Assim dizia a música dos Táxi, nos idos anos 80. Passados mais de trinta anos, o que é que as pessoas veem? TV, precisamente. O tema TV WC passava em revista a programação televisiva de então. Dois canais RTP, hino da TV a abrir, hino nacional a fechar. Desenhos animados, novelas, noticiários, concursos e variedades. Não mudou muito, pois não?

 

Durante anos, a salvação da televisão passava por… mais televisão. Primeiro era necessário criar a televisão privada; depois multiplicar canais; finalmente, segmentar, de acordo com o mercado. Durante este tempo todo, falou-se da morte da televisão. Pois, a notícia da sua morte foi sempre exagerada. Quase 100% das pessoas vê televisão, diz o estudo da Universidade Católica. Surpresa? Nenhuma.

 

A rádio, que “ninguém ouve”, é, afinal ouvida por 73% das pessoas. E uma maioria significativa lê jornais e revistas. Ao pé destes dados, ter 60% de pessoas como utilizadoras de internet é uma percentagem “mixuruca”.

 

Podemos discutir estes números? Podemos e devemos. Discutir mesmo. E não andar a reboque de propagandas pseudo-modernistas. Houve um autor que, há muitos anos, perguntava: “Não acham estranho que a morte do livro seja sempre anunciada em livro?”. Eu sempre achei. Ainda acho. Mas eu, levo os livro para o WC.

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O Presidente feliz

por Miguel Bastos, em 02.05.16

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Passo Coelho disse o óbvio: Marcelo é um presidente feliz. “Pois sou” responde Marcelo, em Itália, antes de regressar a Portugal, para embarcar rumo a Moçambique. Já tínhamos reparado. Marcelo fez uma campanha onde se via que estava feliz. Depois “irradiou felicidade” na tomada de posse; no Conselho de Estado; na ida a Bruxelas; no 25 de Abril. Marcelo está feliz porque está onde sempre quis estar.

 

Na (excelente) biografia de Marcelo, o jornalista Vítor Matos descreve a forma como a família, os amigos, ele próprio, viam o futuro de Marcelo. Ele chegaria a Presidente do Conselho, como Salazar, mas (sobretudo) como Marcelo Caetano. Marcelo Nuno (era assim que Caetano o tratava) não herdou apenas o nome do líder político, que governou Portugal até ao 25 de Abril. Herdou (e cultivou) o gosto pela academia, pelos livros, pela política, pela comunicação.

 

O livro de Matos começa com as lágrimas do amigo Eduardo Barroso ao ouvir a demissão de Marcelo da presidência do PSD e termina com a actividade de Marcelo, republicano, a dirigir uma fundação monárquica. Ao longo do livro, o autor explora as inúmeras contradições e mudanças de rumo de Marcelo. Mas há uma constante: ele sempre quis estar à frente do país. Que é onde ele está agora. Feliz.

 

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