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Não me morras Morricone!

por Miguel Bastos, em 31.01.16

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Vi o seu nome e a sua fotografia no Sapo: “Ennio Morricone…”. Pensei de imediato: “Não me digam que ele…” e continuei a ler apressadamente “Ennio Morricone vai receber o seu Globo de Ouro em Roma”. “Ufa!”, suspirei de alívio. Morricone é velhinho: tem de 87 anos. Há gente que dura mais. Mas, muita gente dura menos.

 

Ennio Morricone compôs algumas das minhas bandas sonoras favoritas. A sua música  foi parceira e protagonista dos filmes de Sergio Leone. Mas também de filmes como A missão, Cinema Paradiso ou Malèna. Algumas destas composições receberam a voz da nossa Dulce Pontes, num disco a meias que, mesmo sendo desigual, devia ter recebido outra atenção e estima em Portugal. Em 2009, Morricone trabalhou com Quentin Tarantino. O compositor achou que o realizador não respeitou a sua música e jurou para nunca mais. Felizmente, os dois voltaram a entender-se e o trabalho conjunto no filme "Os Oito Odiados”, que estreia esta semana em Portugal, foi premiado.

 

Diz-se que os génios nunca morrem. Mas, mesmo assim, gosto mais deles vivos. Por isso, não me morras Morricone!

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A greve do “tem que ser já”

por Miguel Bastos, em 29.01.16

greve do agora.jpg

Há qualquer coisa de inexplicável, nesta greve da função pública. O governo anunciou que ia repor o horário de trabalho semanal de 35 horas.Os sindicatos anunciaram greve. Porque estão contra as 35 horas? Não. Porque estão solidários com o setor privado, que trabalha 40? Também não. Apenas, porque o governo pretende implementar a medida no próximo semestre . Os sindicatos exigem que seja já: hoje, agora, de preferência ontem.

 

Não está em causa se a medida é justa ou não (se bem que gostava de a ver discutida, com seriedade). Pelos vistos, governo e sindicatos acham que sim. É uma questão de tempo. E de modo. Pensei num exemplo prático. Imaginem que um pai tinha retirado a motorizada ao filho. Porque tinha tirado más notas, ou porque, simplesmente, não havia dinheiro. No momento em que o pai anuncia que vai buscar a motorizada, que está guardada numa garagem, o filho anuncia uma greve. “Mas já não queres a mota?”, pergunta o pai. “Quero”, responde o filho, “mas tem que ser já”. “Mas, se não for já, deixas de querer?”. “Continuo a querer”, responde o filho. “Então, qual é o problema?”, pergunta o pai. “O problema é que tem que ser já”.

 

Talvez o exemplo não seja o melhor. Talvez ande a pé. Como eu.

 

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Assunção levanta a crista

por Miguel Bastos, em 28.01.16

assuncao cristas.png

Assunção Cristas está em campanha para a presidência do CDS. Na terça feira, deu um “Oscar” de realizador a António Costa, pelo melhor filme de ficção. Ontem, falou de um sonho cor de rosa, “um cor-de-rosa bastante avermelhado”. No primeiro caso, Assunção Cristas quer "interromper este filme”. No segundo caso, talvez não seja preciso fazer nada, porque o "despertador de Bruxelas acordou Costa do sonho cor-de-rosa”.

 

Formada na “Universidade do soundbite”, Assunção Cristas gosta de metáforas e trocadilhos. Eu, também gostava de sugerir alguns. Por exemplo, sobre a vitória de Marcelo: “É a vitória da esquerda da direita e a derrota da frente de esquerda”. Ou sobre o projecto de orçamento: “Costa não é Fitch”. O próprio nome da candidata dá para imensos trocadilhos. Sobre a sua candidatura: “A Assunção de Cristas: ex-ministra assume candidatura à liderança do CDS”. Sobre a sua atitude “Assunção levanta a Crista”. E por aí fora.

 

A candidata diz que não é muito ideológica, mas assume-se como democrata-cristã. Podia fazer um trocadilho com “democrata-crista”, mas isso seria demasiado óbvio.

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O riso de Marcelo

por Miguel Bastos, em 21.01.16

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José Miguel Júdice diz, hoje, no i, que "Marcelo teve de controlar a boa disposição". E acrescenta: “Os portugueses gostam pouco disso”. Pois é, somos o país do “muito riso, pouco siso”. Até porque, como dizia o meu pai, “não se brinca com coisas sérias”. Eu, que sempre gostei de brincar com coisas sérias, tentava argumentar que era divertido. Mas, o meu pai não achava graça nenhuma.

 

Os adversários implicam com o riso de Marcelo. Ri muito, porque não é um homem sério; porque diz uma coisa e o seu contrário; porque sempre foi de intrigas e partidas. Tudo para se rir. E Marcelo faz um esforço para se rir menos. Nota-se. Claro que, a chegar perto dos 70 anos, Marcelo já não pode ser o jovem traquinas dos tempos do Expresso ou da candidatura a Lisboa. Mas, é evidente que  teve de controlar a boa disposição”.

 

Portugal ainda tem um Presidente que não ri. Os portugueses, como “gostam pouco disso”, votaram nele. Mas, afinal, não gostaram assim tanto. Por isso, acho que o riso de Marcelo não é nem defeito, nem feitio. É uma alegria.

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O candidato Cândido

por Miguel Bastos, em 20.01.16

candidato candido2.jpeg

“Sorria, está na câmara do Cândido”. A frase do programa de apanhados, tem barbas. O candidato Cândido também. Mas não sorri. O candidato Cândido leva-se a sério. Deve ser o único.

 

O candidato Cândido já tinha ido a um debate na TVI24, apenas para dizer que não ia participar no debate. Ontem, na RTP, quando era questionado pelos jornalistas, não dava respostas. Disse que a sua campanha era descriminada pelos media, que não tinha espaço para debater as suas ideias, etc. E ele tem ideias. Por exemplo: tem ideia que Marcelo não foi à tropa; tem ideia que Paulo Morais não entregou as declarações ficais a tempo; tem ideia que Sampaio da Nóvoa não é licenciado em teatro. Para além de ideias, o candidato Cândido tem uma certeza: é o único que trata Costa por “tu”.

 

Exímio nas artes da oratória, Tino de Rans recusou a "intrigalhada" no debate e aproveitou para tratar a candidata Matias por “tu”. Marisa sorriu (e não foi para a câmara do Cândido). Ao pé do candidato Cândido, Tino é um político instintivo, perspicaz e sensato.

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E agora, Alfredo?

por Miguel Bastos, em 19.01.16

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“E, ali, estão os nossos inimigos”, terá dito Churchill. “Na bancada dos trabalhistas?”, perguntou o interlocutor. “Não, esses são os nossos adversários”. Em democracia, não devia haver inimigos. Mas há. E, normalmente, estão na mesma casa.

 

Alfredo Barroso foi Chefe da Casa Civil, mas usa linguagem de caserna. Ontem, resolveu insultar Maria de Belém Roseira. A candidata à Presidência da República tinha dito que Almeida Santos era “o maior de todos os socialistas vivos”. Barroso, achou que Maria de Belém insultou o seu tio, Mário Soares, e chamou todos os nomes à candidata. Pelo caminho, ataca, até, o filho de Mário Soares.

 

É claro que, hoje, Maria de Belém não teria dito essa frase. Almeida Santos não será “o maior de todos os socialistas vivos” porque, entretanto, morreu. O que dirá, hoje, Alfredo Barroso?

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A mulher de César

por Miguel Bastos, em 18.01.16

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Candidatos “independentes”, filiados num partido. Candidatos “independentes”, sem partido, mas com várias décadas de partido. Candidatos “do partido”, sem o apoio do partido.  Candidatos “sem partido”, com o apoio do partido. Estas presidenciais têm de tudo. Até candidatos “independentes”, com partido, sem o apoio do partido, mas com “recomendação” de mais do que um partido.

 

A velha discussão sobre a mulher de César (que “não basta ser séria, tem que parecer”) na política, não se aplica às eleições presidenciais. Porque há muitas variáveis a introduzir. Por exemplo: “quem é a mulher de César?”; “ela é (mesmo) casada com o César?”; “ele reconhece o casamento?”; “e ela?”, etc. Todas estas questões confundem o eleitorado, os partidos, os apoiantes, os comentadores e os próprios candidatos.

 

Poderíamos complicar (ainda mais) e perguntar “quem é César?”. Eu só conheço um. É de um partido e apoia um “candidato independente, sem partido”. Outros, do mesmo partido, não gostaram e apoiam outro candidato, que também é “independente”, mas do partido.

 

Esta é a campanha mais "independente" de sempre. E a mais aborrecida. No domingo, teremos um "independente" em Belém.

 

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Mau tempo no canal

por Miguel Bastos, em 15.01.16

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Em Portugal, até o tempo é brando. Não temos nevões siberianos, nem secas africanas, nem inundações asiáticas. Não há tsunamis, nem tempestades, nem terramotos. Até nos lembrarmos dos Açores. Os Açores têm tudo: vulcões, sismos, tempestades, ciclones, furacões. Os Açores é um Portugal estrangeiro. Até nisto.

 

Estive nos Açores, há uns anos. E há uns anos que prometo, a mim próprio, lá voltar. Nas Flores, percebi que o mau tempo está sempre presente, na cabeça dos habitantes. Há sempre gente de olhos postos no mar, à procura dos barcos, que levam e trazem pessoas e as coisas de que as pessoas precisam. Há sempre gente, de olhos postos no ar, à procura dos aviões que os deixam menos sós, no meio do Atlântico. Todos têm animais em casa e a dispensa cheia, porque há dias em que a ilha fica sozinha. E, depois desses dias, há mais dias iguais. Desta vez, as ilhas das Flores e do Corvo, que normalmente estão mais sujeitas ao mau tempo, devem estar fora de perigo.

 

Hoje, o “Alex” vai aos Açores. Nome simpático para um furacão. Espero que não seja demasiado bruto. Os Açores podem ter pinta de estrangeiro, mas são portugueses. Brandos e encantadores.

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O Requiem de Bowie

por Miguel Bastos, em 12.01.16

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Quando ouvi “Lazarus” e “Blackstar”, as novas canções de David Bowie, fiquei assombrado. São duas canções densas e soturnas. Os vídeos agravam, ainda mais, o negrume. Blackstar, o álbum, é um Requiem, percebemo-lo agora. Apesar de ter piscado o olho ao “mainstream”, nos anos 80, Bowie nunca nos facilitou a vida. Muito menos agora, depois da sua morte. O seu último disco é doloroso de se ouvir.

 

A morte de Bowie lembrou-me Amadeus, a peça de Peter Shaffer levada ao cinema por Miloš Forman. Na peça/filme, Mozart, moribundo, escreve uma missa fúnebre, que deixa inacabada. A encomenda de um Requiem, a Mozart, foi um prenúncio da sua própria morte, envolta em mistério. Só que, ao contrário de Mozart, Bowie sabia que ia morrer. E preparou a sua morte. E escreveu, conscientemente, a música da sua morte.

 

O Requiem, de Mozart, é uma música avassaladora. Mas, Mozart é um personagem histórico. Morreu muito antes de termos nascido. Bowie não. E isso, deixa-me com arrepios na espinha.

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Bye Bye Bowie

por Miguel Bastos, em 11.01.16

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“Beatles ou Stones?”, perguntava alguém. “David Bowie”, respondia Sónia Tavares, dos The Gift, a sorrir. “Boa”, pensei eu. Hoje, ouvi “David Bowie” e não sorri. Ouvi “David Bowie”, pensando que iam falar do novo disco, lançado na sexta-feira, mas acrescentaram “morreu. A notícia foi confirmada, esta manhã, pelo seu filho…”. Ora bolas!

 

David Bowie representa aquilo que eu mais gosto na cultura pop: alta e baixa cultura, tradição e “avant-garde”, fascínio e inquietude. A sua música, pop-rock, mistura literatura, teatro, performance, cinema, artes plásticas. Bowie na televisão; Bowie na arena rock; Bowie na Broadway; Bowie em Hollywood; Bowie na galeria de arte; Bowie na pista de dança. Mudou, muitas vezes, de estilo musical, de estilo visual, criou personagens e chamaram-lhe camaleão, o que se tornou clichê.

 

Em 1990, Bowie passou por Portugal, numa digressão de despedida. O concerto foi no Estádio de Alvalade e eu estava em êxtase. Bowie poupou no cenário e gastou em repertório: de Space Oddity a Blue Jean. Depois, disse adeus. Mentiu, felizmente. Só voltou a retirar-se em 2004, por causa de um ataque cardíaco. Editou um disco em 2013 e outro na sexta passada, dia em que fez 69 anos. Agora morreu e não volta a mentir. Infelizmente. Bye Bye Bowie

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