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Ao longo da campanha eleitoral, toda a gente falou das miúdas do Bloco: Mariana Mortágua e Catarina Martins. Os adversários e os comentadores foram elogiando o seu desempenho. Costa disse que Catarina Martins tinha um sorriso bonito; Marcelo enalteceu a sua jovialidade; Marques Mendes - aplicando os seus conhecimentos de ciência política - até referiu o seu penteado. Ontem, cheguei a ouvir que Passos e Portas foram tolerantes com Catarina Martins, para que o Bloco tivesse um bom resultado e Costa perdesse as eleições.
Tudo isto, por mais divertido que seja, revela que a política ainda é o clube do Bolinha. Só que, ao fazê-lo, estão também a menorizar o eleitorado. Se o povo votasse em miúdas giras, era de esperar uma forte votação em duas meninas que saíram do Bloco: Ana Drago e Joana Amaral Dias. Isso não aconteceu.
Há uns anos, Eduardo Barroso disse que, nos anos 70, tinha mais amigos de esquerda, mas que namorava com miúdas de direita. Porque eram mais giras. É natural, a esquerda tinha muitos bigodes. E não era só no setor masculino. Mas, agora, a esquerda tem miúdas giras, que não precisam de comentários machistas ou paternalistas. Só precisam de votos. No caso de Bloco, enquanto os meninos procuravam estudar política nas páginas da Caras, as miúdas giras conseguiram o melhor resultado de sempre. Habituem-se.