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Enquanto os italianos acodem os imigrantes, no mediterrâneo, os franceses fecharam as fronteiras. Em França, esse farol de liberdade e de socialismo Holland(ês), ainda se tem o descaramento de dizer que o problema da emigração é italiano. Bravo Ambrósio!
Se os franceses podem fechar fronteiras, porque é que os húngaros não hão-de poder? O governo, de Viktor Orban, teve a ideia brilhante de ressuscitar o muro, para separar a Hungria da Sérvia, de onde vem muita gente à procura do espaço Schengen. O muro terá quatro metro de altura e 175 km de comprimento. Sabe a pouco. Deviam-se fechar os mais de 2 mil km de fronteira e transformar a Hungria numa ilha pura - com pena de morte, e sem os ciganos e os imigrantes, que tanto incomodam o primeiro-ministro.
Orban deve-se ter esquecido para que é servia o outro muro. Nessa altura não viajava muito. Agora, sim. Numa das suas última viagens encontrou-se com o presidente da comissão europeia. Juncker cumprimentou-o com um espirituoso “Olá ditador!” John McCain (esse grande esquerdista) já tinha sido mais directo: é um neofascista! A Europa mete medo…
O meu filho teve uma aula de Zumba. “E gostaste”, perguntei. “Não”, respondeu, “a música era muito pimba”. O meu filho tem seis anos.
Andam-nos a vender a Zumba há dois ou três anos. A dança começou nos anos 90, a moda chegou a Portugal há pouco tempo. Já li artigos sobre o assunto. Já assisti a pequenas demonstrações. Eu, que gosto de música latina e de exercício físico, não achei grande graça à Zumba. Pareceu-me uma mistura de aula de ginástica e lambada.
E, no entanto, toda a gente parece muito entusiasmada. Gente que (sim senhor!) está na moda e é elegante e faz running. E faz Zumba, com roupas de marca que se usam no “fitness”, no “step” e no “body balance”.
Ao ler que mais de 15 milhões de pessoas fazem Zumba regularmente; ou que o mundo se rendeu à Zumba; encolho-me e penso “Se calhar, eu é que estou errado”. Mas, felizmente, existem as crianças. Elas dizem sempre o que pensam:
“E gostaste?”
“Não, a música era muito pimpa.”
Há uns anos, havia o “Zumba na Caneca”. Dizia-se que era piroso. Já não deve ser. Volta Tonicha, sentimos a tua falta.
No meio de um ambiente cinzento, havia o tio Jorge. Otelo e a irmã gostavam de imitar o tio. Chamavam-lhe a brincadeira dos “pás”. “Eh pá, vamos comprar cigarros”, dizia um. “Eh pá, vamos ao café”, dizia outro. Quando li isto, na biografia de Otelo Saraiva de Carvalho, de Paulo Moura, sorri.
Eu também brinquei aos “pás”, com os meus irmãos. Nós dizíamos “brincar aos jovens”. Falávamos ao telefone, íamos à praia, passeávamos de carro, bebíamos “cocktails”, íamos ao cinema e à discoteca. Os exemplos, vinham das novelas. Nós não tínhamos um tio Jorge, cosmopolita e “bon vivant”, que trabalhava numa companhia aérea. Mas dizíamos “pá”.
Em 1974, Otelo brincou, de novo, “aos pás”. Foi no 25 de Abril. O estilo manteve-se: “Mónaco e México já caíram nas nossas mãos.”; “Eh pá, palavra de honra? Isso é porreiro, pá”; “Desculpe, lá, qual é o seu nome?”; “Otelo Saraiva de Carvalho”; “Eh, pá!”.
Francisco Buarque de Holanda imortalizou a brincadeira numa canção: “Sei que estás em festa, pá”; “Eu queria estar na festa, pá”; “Lá faz primavera, pá”. O Chico, pá, a falar como o Otelo!
Tenho recordações fortes de Waterloo. Ritmo veloz, vozes afinadas, roupas brilhantes, coreografia, alegria. Para mim, Waterloo eram os ABBA, no seu melhor.
Foi em 1974, que o quarteto sueco venceu o festival da Eurovisão e conquistou o mundo. Os ABBA trouxeram uma lufada de ar fresco ao festival, que já estava em crise naquela altura. Waterloo foi, apesar disso, uma jogada arriscada porque podia não agradar aos franceses. Mas isso, eu não sabia.
Só mais tarde, é que percebi que Waterloo também era o nome de uma batalha. Não tenho culpa. Quando Napoleão foi derrotado, eu ainda não era nascido. Mas passei a perceber porque é que os ABBA estavam vestidos daquela maneira.
Então era uma canção política? Não, eram apenas duas moças a cantar “como Napoleão em Waterloo”: “Waterloo, eu fui derrotada, tu ganhaste a guerra”, “Waterloo, prometo que te irei amar para sempre”. Com os ABBA ninguém perdeu: venceu o amor, venceram a Eurovisão.
Os ABBA abriram-me as portas da história europeia. Waterloo foi há 200 anos. Ou há 41. “Depende da vossa fantasia”.
Ser o melhor do mundo não chega. CR7 é a galáxia mais brilhante do universo. Ouvi a notícia, na Rádio Renascença, e pensei “Não havia necessidade.” O homem já brilha que chegue. Até ofusca.
David Sobral, que lidera uma equipa internacional de astrónomos, explicou o nome: resulta da abreviatura de Cosmos (zona onde a galáxia foi detectada) e Redshift (desvio para o vermelho) de 7. A coincidência fez lembrar a “estrela do futebol”. Será que vamos passar a dizer a “galáxia do futebol”?
A descoberta desta galáxia, já foi publicada na Astrophysical Journal. A revista científica deve ser uma espécie de “Jornal do Sporting”: com estrelas variadas, mas sem Bruno de Carvalho na capa.
Deixando o umbigo e voltando para o universo, ficam mais alguns dados:
- O brilho da CR7 é visível
- É proveniente de "estrelas extremamente jovens”
- A galáxia, apresentada em Maio, pela NASA, não é mais brilhante
- Nem sequer é uma galáxia
Por fim, CR7 é 20 vezes mais quente e um trilião de vezes mais luminoso do que o Sol. Chega, estou de rastos.
Tsipras chama “criminoso” ao FMI. Juncker responde: “não quero saber do governo grego”. Há muito tempo que não se ouvia uma troca de palavras tão azeda. Lembrei-me do “Russians”, de Sting: “Mister Krushchev said, ‘We will bury you’” e “Mister Reagan says, ‘We will protect you’”. Diz Sting, que não subscreve estes pontos de vista. “Russians”, a canção que nos assustava na RTP, falava sobre a Guerra Fria. A Rússia é o próximo destino do primeiro-ministro grego. Não há coincidências.
Nesta guerra fria, o presidente da Comissão Europeia diz que não quer saber do governo, mas quer saber do povo da Grécia. E o que diz o povo da Grécia? Diz que:
- Quer ficar no Euro
- Prefere um mau acordo, a um incumprimento que leve à saída
- Concorda com a estratégia de negociação do governo
- Quer o Syria no governo
O povo grego quer sol na eira e chuva no nabal? Quer. Acha que vai conseguir? Não, mas quer tentar. É uma incoerência? É. Resulta do desespero.
Está confirmado. Os Estados Unidos vão ter mais um Bush a candidatar-se à presidência. Jeb parece um nome plebeu (resulta das iniciais de John Ellis Bush), mas tem linhagem: é filho de Bush I e irmão de Bush II. Os Estados Unidos - nação jovem, fresca e republicana - estão cada vez mais parecidos com as monarquias. Como a Frente Nacional, em França. Ou com as novelas da TVI, em Portugal. As sondagens dão boas hipóteses do novo Bush ser presidente. Claro que, primeiro tem que ganhar o Partido Republicano. E, depois, tem que ganhar a Hillary.
Hillary, que tem o sobrenome Clinton, já foi Primeira-dama e já tinha sido candidata. Perdeu para Obama, para quem trabalhou, depois, como Secretária de Estado. Fez o primeiro mandato e, depois, saiu para ser candidata.
Obama - que era visto como uma nova voz para a América e para o mundo - arrisca-se, assim, a ser uma espécie de interregno da onda monárquica, que invadiu a política americana. Claro que, antes, já existiam os Kennedy - que tinham mais chame e graça. Mas têm um problema: morrem muito.
De modo que a escolha pode vir a ser entre o Jeb e Hillary. Entre Bush e Estica.
Cavaco Silva diz-se “mais aliviado” com a privatização da TAP. O alívio foi confessado, aos jornalistas, a bordo de um avião. O local foi bem escolhido…
E onde é que os novos donos vão buscar dinheiro para injectar na TAP? O JN explica: à TAP. Vendem os aviões. Faz sentido?
Pelo vistos faz. Se não há dinheiro que chegue…
Ou há? É que estes senhores, que acabam de chegar à TAP, também querem comprar a Carris e o Metro de Lisboa. Como, vendendo autocarros e carruagens?
Voltando à TAP... Tal como o governo, o Presidente da República está contente, porque “A maioria do capital é português”. Qual capital? O que vier com a venda dos aviões?
Os liberais do costume irão argumentar que o importante é que o Estado saia da empresa. O Estado português, já que (de novo no JN) a operação vai ser realizada com o apoio do Estado… brasileiro.
Tudo isto para dizer que, uma vez mais, a bota não bate com a perdigota.
Termino com dois radicais de esquerda: Marcelo, na TVI, diz que “a TAP foi praticamente dada”; e Marques Mendes, na SIC, resume: “São uns pândegos”.
Pois, estamos mais aliviados, senhor Presidente.
Os GNR escreveram a canção, depois de um sobrinho ter perguntado se, com “Portugal na CEE”, podia continuar a comer gelados. Ora, nós queríamos “Portugal na CEE”, precisamente, para comer gelados. E para comer fora, comprar carro, fazer férias, andar de avião. Parece pouco, mas não é.
Agora, critica-se os portugueses por comer gelados. Quem critica, sempre comeu. E continua a comer. No fundo, está a dizer que os outros não têm direito a comer gelados. Chamam a isto, “viver acima das suas possibilidades”.
Depois de Abril, tivemos MFA, COPCON, PS, PCP, PSD, CDS, AD, FP-25, FMI. A CCE é que tardava a chegar. Por isso, há 30 anos, acompanhámos a cerimónia dos Jerónimos. E arregalámos os olhos, quando vimos a caneta de Soares. Soares começou, ali, a ser fixe. “Oh, boy é tão bom estar na CEE”.
Depois, como nas novelas, descobrimos que os ricos não são felizes: têm familiares que roubam no escritório e criados que conspiram na cozinha. Até então, tínhamos estado embriagados, com os sumos de laranja e papaia.
Mesmo assim, não trocamos o “Portugal na CEE” pelo “Portugal dos Pequenitos”.
“Sempre pensei que as pessoas que apareciam nas revistas não trabalhavam.” O Ricardo ficou espantado, quando lhe disse que o bar onde estávamos era do Gil do Carmo. O Gil estava a tirar finos, ao balcão. Na altura, o filho do Carlos do Carmo aparecia muito nas revistas, com a sua namorada Nayma. Depois, as revistas voavam até aos Estados Unidos, onde o Ricardo as folheava, em casa da mãe.
Hoje, vi um personagem das revistas: o Tino de Rans. O Tino entrou num congresso do PS. Depois, entrou num Big Brother VIP - um programa em que cada pessoa protagoniza uma caricatura. Com o Tino, é difícil saber onde acaba uma e começa a outra. Tratam-no como um cromo e ele joga com isso, o que revela só revela a sua inteligência.
Mas, chamar VIP, ao Tino, causa estranheza. O Tino é calceteiro e, quando o vi, estava a trabalhar. Um trabalho duro, a partir pedra, ao sol. É o oposto do glamour. E, no entanto, estava a fazer um trabalho Very Important.
Ainda pensei em dizer-lhe alguma coisa, mas, entretanto, o Tino desapareceu. Perdi o Tino. Tenho pena.